Lê-lo-ei

Desde rebento já fazia escrever. E sempre sem desviar-se do objetivo. Às vezes com um gesto ou com um som, chamava a atenção, persuadia e alcança a meta, com plano traçado. Um choro, dos bem chorados, acordava os interessados e sempre os fazia entender, qualquer que fosse o querer. Hoje, em degrais Maslownianos mais altos, já não chora mais. Hoje faz rir e chorar. Quem escreve mais, chora menos. (é tudo ficção).

1.3.11

Cães

Quando fui chamado no rádio da ambulância pela operadora da madrugada pra uma emergência que envolvia um idoso seriamente ferido, não imaginei que minhas noites de sono jamais seriam tranquilas. Estou sem dormir há três dias e já faz um bom tempo que não consigo comer nada além de biscoitos de sal e beber um pouco de água. Comecei a escrever esta carta, mãe, do meio da folha, porque não sabia quanto desta história eu seria capaz de te contar. Quero que você entenda exatamente como eu estou me sentindo logo aqui em cima. Estou chorando um pouco ainda. Mas acho que tem tudo aqui. Desci correndo da viatura. Antes mesmo do motorista parar completamente. Sentei o pé na porta da casa. Nem pensei em bater. O chão molhado da escada de entrada me deu um escorregão que quase me derrubou. Fiquei nervoso com o barulho de latido dos cachorros. Muito alto. Ensurdecedor. Tinha pêlo dos bichos em tudo. Marcas de urina nas paredes e o cheiro de amoníaco fez meus olhos marejarem. Todas as janelas tinha cortina. Luz, só no fim do corredor, da lua mesmo, que entrava pela porta da cozinha. Essa dava para o quintal e estava escancarada. Segui o barulho dos cães e corri pra lá. Parecia uma chácara. Bem no meio da cidade, um quintal cheio de árvores e muito úmido abrigava uns 30 cachorros de todas as raças e tamanhos. E também as suas merdas. Lá no meio. Mas bem no meio, tinha uma velha. Toda ensaguentada. Nem olhei para os cachorros. Gritei pro Laércio, meu parceiro da noite e me ajoelhei ao lado dela procurando os sinais vitais, como de costume. Encontrei batimentos fracos e respiração tranquila. Quando eu coleit o ouvido no rosto dela, comeceu a cantar, mãe. Cantava aquela música que o pai cantava pra gente dormir. Me senti salvando você. Tentei checar a consciência dela, mas ela não parava de cantar. Às vezes entoava uns nomes, que eu deduzi sendo dos cachorros. O Laércio chegou com a maca e eu não tinha nem cortado a roupa dela ainda para identificar os ferimentos. Quando eu comecei, percebi que ela estava toda mordida. Dos cachorros. Senti o gosto do meu jantar subindo do estômago. Levantei mas não consegui segurar. Vomitei. Eles estavam comendo a velha. A carne dela. O Laércio chamou o motorista pra ajudar. Eu não consegui mais nem olhar para ela. Comecei a olhar em volta e ver o sangue na boca dos bichos. Que não paravam de latir e uivar. Eu segui os dois com a maca de volta para a viatura, mas daquela vez, percebi que todos os móveis da casa estavam cobertos por lençóis. A única coisa que chamava a atenção naquela casa era um caderno todo amarelado e amarrado com barbante sujo, que estava em cima da um aparador, em pé, encostado num espelho rachado. Esse era o único móvel não “embrulhado” pelos lençóis. Eu peguei o caderno. Nem pensei. Ainda não sei o porquê. Levei comigo. No hospital eu nem tive tempo de seguir a velha. Fui pra uma das unidades do PS para ser medicado. A enfermeira era minha amiga, mas eu nem consegui conversar com ela. Só tomei o comprimido que ela trouxe. Acordei no alojamento dos paramédicos. O Laércio já tinha ido pra casa. O Douglas e o Jairo, que são os caras do turno da manhã, tinham acabado de chegar e estavam esperando uma chamada. O Jairo me viu abrir os olhos e entregou o livro na minha mão dizendo que o Laércio avisou pra eles que era meu. Só me lembro de perguntar qual foi o médico que atendeu nossa última vítima. A velha. Levantei e fui procurar o Dr. Luiz. Descobri que a velha já tinha morrido. Múltiplos traumas causados pelas mordidas levaram a um quadro de hemorragia impossível de ser revertido. Tomei café sem falar com ninguém. Fiquei quietinho pra não ter que fingir bom humor. Você sabe como eu sou. Peguei o ônibus e abri o caderno. Instintivamente comecei a ler. Daí não parei mais. Entrei em casa, tranquei a porta, fui pro quarto e fiquei 8 horas lendo cada página do caderninho da velha. Ah, eu tinha ouvido que o pessoal do PS fez uma piadinha sobre ela. Chamaram ela de “A velha mais gostosa da cidade”. Engraçado é, mas só pra quem não leu aquela merda de diário. Era uma história de vida, pô. Perdeu os pais cedo. E uma irmãzinha pequena morreu junto com eles. Foi levada para um convento e ensinada para ser feira. Igual a tia Lúcia. Só que ela levou os cachorros. Na casa, com os pais, tinha um canil. Cada página do diário descrevia dia por dia da vida dessa velha dedicada aos cachorros. Uma história de amor mesmo. Coisa Linda. Se não fosse a última página. Parecia que ela tinha parado de escrever o diário há um bom tempo. Só a última página, escrita com uma caneta diferente e já com uma letra bem prejudicada por termedeiras, é que indicava um dia recente. Nem vou tentar fazer uma versão. Vou transcrever pra você, mãe. Joguei o resto todo fora. Guardei essa página. Ando com ela para onde eu vou. É um peso que eu não aguento mais carregar sozinho. O nome dela, mãe, é Joana. Igual a você. “Cansei, Jesus. Cansei de pagar todos os dias pelo meu pecado. Quero sair daqui. Quero paz. Me confesso, Senhor, agora para que todos saibam a pecadora maligna que eu fui por toda a vida. Manchei de horror cada manto da casa do senhor e castiguei toda minha família por inveja, ciúme e egoísmo. Meus pais não morreram por acidente, como todos dizem. Nem minha irmã. Fui eu, meu Deus. Fui eu. Naquele dia que eles saíram para as compras e me deixaram, ao nove anos, cuidando do maldito bebê, eu me enchi de coragem e cometi o pecado. Tranquei a Elisa no canil. Tudo já estava planejado. Cuidei para que na semana anterior os animais não recebecem comida suficiente. Eles comeram ela, Senhor. Viva. Os gritos de dor eu escuto até hoje. Nem ligo mais. O que me incomoda é o brilho do olhar dos meus pais. Me ofusca o sono. A faca que eles usaram para cortar os pulsos é a mesma que eu levei embora comigo. Uso ainda para cortar laranja. A fruta preferida da minha mãe. Mas só até hoje. Finalmente tomei coragem de pagar pelo meu pecado. Não me arrependo, ó Deus. Nem por um minuto. Mas justiça é justiça”. Mãe. Eu te amo. Jonas.

30.6.08

Transitions não, viva la revolutions.

“Ainda há quem enxergue esperança na luta pela revolução. Quem não vê mais tão bem, tem desconto de 10% em nossas lojas se disser que viu no Blog Leloei”.
Sr. Kenji Magen, fundador dás Ópticas Luz.

Nós, brasileiros, não estamos cansados de ser alvo de estatísticas internacionais sobre rankings anuais de leitura por habitante por um motivo simples, mas que nos custa os olhos da cara. Este motivo é o mesmo que nos impede de ter acesso à tão sonhada emancipação literária nacional. Um jogo de interesses acabou por criar um ágio nos preços de um artigo indispensável para a leitura canarinho: os óculos. A maldita indústria óptica com certeza tem seus caminhos entrevados pela mais misteriosa e abrangente relação entre figurões da política nacional e diretores executivos das empresas que formam este maléfico grupo.
Os mortais trabalhadores, que somos nós, não podemos somar o gasto com a luneta aos preços dos livros, que não são tão elevados. Assim, aos que optam por enxergar, não sobra capital para investir na leitura e, aos que optam pelas obras, sobram tropeços e embarques equivocados no transporte público. A solução é juntar-nos. Vamos promover a reunião em clubes onde os cidadãos visionários, nossas águias, se prestarão à leitura social das obras dos companheiros mal providos de vista, as topeiras, e juntos somaremos forças para desentocar e abater as raposas que guiam nossa cegueira ignorante. Vamos juntos à destruição deste frondoso jardim de aparências no qual se transformou nosso Brasil de poucos livros. Quem sabe assim, quando eu conseguir publicar meus livros, alguém consiga enxergá-los no longe, depois da infinita prateleira das auto-ajudas.
PS: Na revolução das grandes livrarias não há mais espaço para leitores. Voltemos aos Sebos. www.estantevirtual.com.br (vários sebos).

6.5.08

S.A.P. - Capítulo 1

S.A.P.
A Sociedade do Amor Potencial
Uma tecla de tradução da relação amorosa no século XXI.

Simplifico tudo numa relação entre duas pessoas capazes de substituir o amor próprio pela dedicação, em vários níveis, pelo próximo. Essa é uma definição ultramoderna sobre o que o sentimento mais incompreensível de todos os tempos. Os tipos que seguem são comuns à sua convivência e não se surpreenda em se encontrar em mais de um grupo, somos humanos e amamos muito, de várias formas e por toda a vida. Dê esse livro de presente à pessoa que você ama, logo após terminar de lê-lo, mas não se esqueça de comprar outro para você, pois você pode precisar dar para outra pessoa no futuro, além de usar como guia de bolso numa situação especial.

Capítulo I

Os corações egoístas:
Nem todo amante egoísta é uma pessoa egoísta. São amantes passionais que necessitam da dedicação alheia e enxergam o outro como instrumento da satisfação dos seus próprios anseios. Somos todos amantes egoístas desde o nascimento, mas em certos momentos de nossa vida conseguimos ultrapassar a linha do aceitável socialmente. Entendam que o amor do egoísta não é ruim e nem deve nos afastar das pessoas que amam dessa forma, a maneira mais simples de viver com esse amante é conversar e usar a nossa capacidade de barganha para equilibrar as decisões do relacionamento.
O rapaz quer assistir ao jogo de futebol e não imagina como fazer isso sem a presença da esposa. Ainda mais angustiante é o pensamento de que, enquanto ele acompanha seu time do coração, a mulher do coração dele pode estar fazendo qualquer coisa. Atente para o fato de que qualquer coisa, na cabeça de um torcedor que assiste a derrota de seu time, pode ser o motivo do fim do relacionamento. Note que nada aconteceu de verdade, as dúvidas e anseios nem saíram da cabeça do egoísta, mas já são capazes de afetar o respeito e a confiança do casal. Tremenda bola fora.
A menina já entende que o garoto não hesita em ceder aos seus desejos, principalmente nos poucos momentos que passam juntos por conta de um relacionamento moderno e “desapegado” como os próprios jovens se orgulham de falar. Mas a vontade dos dois nunca é respeita. Saiba que um relacionamento entre dois seres humanos é sempre complexo. Nunca haverá um verdadeiro consenso sobre a vontade do casal, “alguém deve ceder” sempre. É por isso que a garota pergunta, usando técnicas inatas da neurolingüistica do convencimento e já esperando uma resposta favorável à sua decisão: - Vamos assistir a este filme? Você também gosta, NÃO É? Quem é que teria coragem de desmentir esse “NÃO É” sem antes ter compreendido ao menos cinco anos de relacionamento? Impossível! E a vontade do amado se agarra à sua falta de coragem e à sua compreensão e desce pelo ralo. Não se iluda se acha que o ralo vai para o esgoto das emoções. A verdade é esse acaba dando num caderno. Isso mesmo, um caderno de anotações que é o único responsável pelo controle da tênue linha entre AMAR e TOLERAR. O caderno do egoísta grava tudo, até mesmo aquele dia em que o amado não lhe deu a mão por sentir vergonha de assumir a paixão na frente do grupo de amigos. Grava, mas tem limite, como um disco rígido de computador. Quando o HD daquele relacionamento se enche, existem duas saídas: Uma é formatar com muita conversa (o que, aliás, deveria ter sido feito durante todo o relacionamento), a outra é trocar para um novo, sem vícios nem diferenças gravadas. Upgrade feito e começamos novamente a gravar tudo, no caso dos egoístas, carregam um disco de backup das necessidades que não foram satisfeitas no relacionamento anterior. É por isso que existem pessoas que cometem os mesmos erros em vários relacionamentos e não aprendem. Elas carregam os erros para frente e não o aprendizado.
Egoístas são pessoas que dormem mais quando os companheiros querem acordar e dormem menos quando os companheiros estão cansados. Esses amantes nunca levam em consideração a possibilidade de um sacrifício mínimo de ficar na cama mais uns minutos ou de levantar um pouco mais cedo para participar da manhã do seu amado.

Um conselho aos corações egoístas:
- Procure ter certeza que você ama e em seguida faça uma lista do que você quer fazer. Encha a lista e apresente ao seu amado, depois do último item, ofereça seu tempo e atenção aos anseios dele. Pronto. Também dá para amar com equilíbrio.

Sugestão de conquista egoísta:
Cozinhe, você mesmo, um jantar delicioso com uma sessão de massagem executada por você e uma bela noite de amor dedicada às fantasias do seu parceiro. Isso pode garantir muitas vontades suas e um relacionamento mais duradouro. Repita a operação do começo se não der certo, pois muitas vezes você já pode ter ido longe demais.

Sugestão de Viagem ao egoísta:
Um belo resort com muitas outras pessoas, além do seu amado, para fazerem sua vontade. O destino deve ser tirado na moeda.

Sugestão de roupa ao egoísta:
Confortável por dentro e por fora e fácil de abrir.

Sugestão de presente ao amado:
Um presente que ele adore e você odeie.

30.4.08

Caras e caretas de Caetano.

Século XXI, mesa de bar, elite intelectual da cultura nacional, Salvador, Bahia, Brasil. Chama-se Caetano o homem que desdenha da minha tentativa de aproximação para uma conversa desbravadora sobre sua carreira artística e os momentos políticos dos quais participou com sua trupe. - Que maravilha Caetano, posso me sentar? - A Bahia é livre meu filho, livre de tudo, menos de vocês urbanóides ingratos do sul, mas não sulistas. - Pois então me conte um pouco sobre a sua Tropicália! - Olhe, a Tropicália não é minha, a tropicália não é de ninguém, onde foi que você leu que registraram a Tropicália? - Sabe? É isso que me enoja em vocês, grandes sábios daqui. Onde é que está o prazer em conhecer? Vocês todos são uns patos para consumir cultura, engolem tudo na crença de que os fará maiores e melhores, mas sempre defecam a merda de vocês na cabeça dos que te empalham no altar. O grande barato é aprender com prazer e só aquilo que interessa, me admiro com seus feitos sim, mas os feitos de hoje me admiram mais, pela legitimidade e espontaneidade. Vocês espontâneos, nunca foram espontâneos. - Eu vou lhe chamar a segurança. Não tenho que escutar de vocês, opiniões colhidas em Blogs e boblogs por aí. Faço música e fiz política, sou feliz, é disso que eu gosto, sou espontâneo no meu espaço e você o está invadindo. - Sabe Caetano, eu te respeitava muito, aliás, nada do que eu disse vale de verdade. Eu disse tudo isso só para irritá-lo e foi por dois motivos: a sua incapacidade de me tratar bem e a minha vontade de ver brotar seu espírito criativo, que tanto me inspira. Mas não deu, só irritei né? Do seu espírito criativo, fiquei com a construção da frase: “vou lhe chamar a segurança” e o “boblogs”. Obrigado pelo pouco que levo do encontro. - Queria mais? Pegue aqui essas notas velhas de Real e vá-te à merda, intelectualóide desinformado. - O prejuízo da condução está pago e vá-te à merda seu factóide vencido. Fato: eu adoro o Caetano. Fato: eu odeio o Caetano.

25.4.08

Humor de verdade? Parte 1

Bom, hoje eu vim aqui pra mostrar pra vocês que humor de verdade não precisa humilhar ninguém. A graça está na piada e não na pessoa humilhada não é! Pergunta ali praquele gordão, ali, atrás do careca, está vendo? Como não? Vocês são de onde? Portugal. Desculpe gente, mas isso me fez lembrar de um grande amigo que voltou a pouco de fora! Passou anos na Europa. Legal, viajadão, agora está aqui de volta tirando onde de poliglota. Normal, aventura da classe média. Mas agora não é hora de falar sobre Brasileiro na gringa. Vamos às risadas. Então, o cara é descendente de japonês. Japinha. Tem algum aí na platéia? Olha lá, um, dois, três no máximo, e já devem ter tirado umas 250 fotos cada. Sempre tem poucos deles não é? Japonês sempre representa uma parcela menorzinha da platéia. Menorzinha entende? Pois é, voltando ao meu amigo japonês, ontem na mesa do bar comecei a ouvir as histórias da viagem. Primeiro que o cara já chegou lá como todo brasileiro: querendo fazer onda com a expectativa dos europeus quanto à nossa ginga em geral. Aquele jeitinho brasileiro. Chegou lá todo MPB, falando de samba a Capitão Nascimento. E ele, contando as histórias pra gente, descreveu o xaveco numa francesinha que ele conheceu em Londres, logo na primeira semana. Já chegou mandando um je t'aime e cantando “Garota de Ipanema”. Não deu nem tempo para contar mais detalhes, um dos amigos da mesa quis tirar um sarro com a Brasilidade do japonês e disse: - Olha lá o japonês se achando o Toquinho. Gente, o silêncio durou três segundos. A melhor piada espontânea do Mundo. Se fosse de propósito não teria tanta graça. Toquinho, japonês. Mas ele continuou com a história da francesinha, que era pra ter sido a primeira refeição dele no velho mundo. Pois não é que o japonês chegou em Londres no ápice do inverno e levou a francesinha pra um quarto frio de rachar. Vocês já imaginam não é? O cara chegou no aeroporto parecendo turista americano no Brasil, só faltou uma camisa florida, daquelas de havaianos. Na hora que a porta automática abriu, deu pra lembrar a cena do filme “Jamaica abaixo de zero”, quando a equipe dos jamaicanos chega no inverno dos EUA e se vestem até com as malas. Ele saiu todo enrolado nas blusas, um autêntico “Rolinho Primavera”, aliás, “Rolinho Inverno”. Então, lá no quarto com a Francesinha, tendo que pegar o dicionário pra entender a etiqueta da roupa que explica como soltar a trava do zíper, ele acabou conseguindo ficar peladão, pra tristeza da menina. A cara que ela fez quando viu o equipamento deixou o japonês indignado. Xingou até a mãe do Napoleão e teve que apelar pra cultura brasileira, que era o que a francesinha esperava antes de ele abriu a calça. Virou com raiva e mandou a clássica: “Japonês é o C........, é que no frio fica pequeno p.....” Alá Dadinho no cidade de Deus. Perdeu a Francesinha e ganhou um resfriado. Mas a viagem foi boa pra ele, acabou crescendo bastante, principalmente quando chegou aqui, no verão. Continua...

14.4.08

Pirâmides, ligações comerciais e bundões.

Eu folgo em saber que os business men estão por aí cuidando muito bem dos jargões mais vendedores da língua portuguesa. Muito além da simplicidade dos Imperdíveis e Imbatíveis da vida, estamos mergulhando numa gigantesca poça de anúncios e abordagens vendedoras todos os dias, em todos os lugares! Cól centeres: Aquele dia de trabalho que você não consegue parar de suar nem na porta da geladeira, que é só sentar pra perninha começar a bater enquanto cigarro grita dentro do maço chamando seu nome. É quando você recebe a ligação de uma vendedora de seguros: - O senhor que é um homem de visão, sabe que não pode deixar de estar aproveitando a oportunidade que a nossa empresa vai estar oferecendo exclusivamente para o senhor. Uma caralhada de conversa mole pra você ficar com vergonha de falar não e sentir-se culpado pela situação da atendente, que depende de você para bater a meta e sustentar a penca de filhos que ela fez com o namorado, que também ganha mal e toca numa banda de pagode de bairro, mas ainda faz bico de motoboy na LBV, cobrando aqueles 50 reais por mês que você acordou em doar para outra atendente, prima dessa que está falando com você agora e também com metas, só que para uma empresa que “ajuda” pessoas com necessidades especiais. Caramba, onde fica a sua necessidade de manter o seu dinheiro no seu bolso. Vai pra casa descansar, já pensando em tirar o telefone do gancho pra evitar constrangimentos, pára no primeiro semáforo e vem uma dupla de cegos (uma dupla hein), um com os braços dados com o outro e pedindo aquele seu trocado que a LBV não quer. Você dá, porque fica com pena pensando em como é que eles andam guiados se ambos são cegos. Chega em casa e já vê de longe, na caixinha do correio, mais apelos pelo seu dinheiro. Alguns são compulsórios, só vem o recibo pra te lembrar daquela vez que você atendeu a moça do banco na hora do almoço, com pressa e acabou aceitando aquele PIT Premiado só porque ela disse que era o único jeito para liberar o empréstimo que você solicitou. Mas como é que você vai ganhar dinheiro se já está pegando emprestado para emprestar, dar, doar e financiar essa pirâmide de vendedores (cól centeres) e sua logística de apoio (motoboys). Esse é um mês normal. Nos meses piores, você tem que gastar o restinho daquele empréstimo pra consertar o retrovisor que a logística da LBV arrancou na pressa de cobrar seus companheiros doadores, fora o investimento no seguro pessoal contra roubo, morte, furação e tsunami que você assinou sem perceber no meio das faturas do seu cartão de crédito, durante aquela renegociação lá no banco, com a mocinha do PIT Premiado. Concluindo: quem ajuda os outros, fica pobre, quem ferra os outros, se mantém pobre e quem emprega os dois, fica rico. Simplifique tudo isso e descubra que rico manda, pobre obedece! Ficou bom esse texto, patrão?

8.4.08

Chatices - mais ou menos bom!

Chatos. Esse tipo não é o mais comum, mas todo grupo de pessoas de convivência constante tem o seu, ou mais do que um. E aí é pior ainda, porque os dois competem chegando às vezes à violência. É um grupo muito variado que utiliza diferentes técnicas para encher o saco do alheio. Eu acho que eles passam a vida treinando pra ser mais chato. O chato é sempre o dono da bola e o fdpzinho levava o brinquedo embora se não fosse o capitão do time. Apanhava, claro, e ficava no quarto chorando e tramando mais chatices. Estudando. As menininhas brincando no play, cada uma com a sua Barbie, chega a safada, gordinha, claro, com a coleção inteira: Barbie, Ken, carro, casa, hotel, lancha, poney, cachorrinho e a priminha mais velha que descia junto só pra bater nas amiguinhas. Brincava sozinha, descrevendo os acessórios exclusivos em voz tão alta que dava pra ouvir do terraço do prédio. Daí crescem e pronto, se organizam em grupos de acordo com o tipo de chatice na qual são especializados. Chato Todinho: O seu companheiro de aventuras: É aquela pessoa que sempre tem uma história muito maior e melhor para cada história que alguém conta perto dela, mesmo quando não é pra ela. - Nossa, você foi pra Argentina, que bacana. Eu vou pra lá de quinze em quinze dias, nos intervalos das minha viagens à Europa. Lazarento. Europa nada, o cara inventa por compulsão, só pra “ganhar” dos outros. - Bateu o carro? Nossa, já dei “PT” em três, só ano passado. Mentira, claro. Chato. Chato Multinacional: Terceiriza tudo. Daqueles que entram no assunto pra contar uma história melhor, assim como o Todinho, mas sempre de um terceiro. O pior é que, quando a história é constrangedora, esse tipo de chato não consegue esconder que é sobre ele mesmo. - Cara, essas histórias de criança são engraçadas né? Tem um amigo de um primo meu (mentira, é você) que contou que fazia troca-troca com um amiguinho no carro do pai desse menino. Muito gay né? (é você, safado). Verdade cara, ele conta que entravam no fusquinha azul, daqueles com estofado branco, e ficavam lá “trocando figurinhas”... Hahaha, trocando figurinhas. Atente-se ao detalhe: “fusquinha azul com bancos brancos”, impossível descrever sem ter estado lá. Chato gay. Chato Schumacher: Competitivo. Chega no bar e pede aquele petisco incomum que você conhece e come porque gosta. O cara já fica vermelho pensando que você saiu na frente, conhece mais do bar, é mais legal que ele. Foi dada a largada. - Amiguinho (chamando o garçom pra mostrar intimidade) vê uma daquelas com banana e quiabo pra galera experimentar. Mesmo que ele tenha que mandar um galo no bolso do garçom, não mede esforços pra ficar na ponta. E na hora da conta, deixa que ele paga. Paga a dele, e só a dele, claro. Ainda faz dividir a porção horrorosa que ninguém nem pensou em comer. Chato. Chato 51: Uma boa idéia. Esse é o melhor. A companhia dele até que é bacana. Mas na hora da conta é que você sente a chatice. Sempre tem uma ótima idéia de lugar pra almoçar, pra tomar uma cerveja, pra ouvir uma música. O problema é que o cara nunca paga, nem a dele. - Vixe, cinqüenta real! (é burro, claro). Vou te contar que eu tenho uma boa idéia: banca essa pra mim galera, a próxima eu pago. Detalhe, depois de um tempo você descobre que o puto está é com a carteira cheia, só não gosta muito é de pagar. Chato. Chato Arqueiro: Sempre mirando o de alguém pra ferrar. É aquele cara puxa saco do patrão, do professor ou da família. Não basta fazer de tudo pra ser melhor que todo mundo diante do superior, tem que entregar os mínimos erros dos “concorrentes”. Mesmo quando não tem o que entregar, força a situação. - Nossa Claudinha, parabéns, passou na faculdade hein! Legal. Puc né? É paga. Hummm, a Teresa até prestou essa aí, só pra ver como era a prova. Passou em primeiro mas não quis fazer, afinal, na federal o ensino é bem melhor né! Perto da sogra, claro. Ainda quer fazer bonito no final, dar de boazinha: - Ah, Claudinha, se você quiser os livros velhos da Teresa passa lá em casa e pega, quem sabe servem pra você tentar denovo ano que vem. Chata? FPD. Chato locação: Sempre se mete onde não foi chamado. Compra qualquer briga só pelo prazer de discutir. Nunca está de acordo com a maioria e fala mais do que a boca agüenta. - Cala sua boca. Esse é o melhor presidente que o país já teve e não se fala mais nisso. Quem é você pra discutir sobre isso comigo. Eu sou politizado, eu sei o que eu estou falando. Politizado p. nenhuma. Consciência de sessão da tarde. Chato, burro, coitado. Chato Brasileiro: Não desiste nunca. Fica no pé da menina mais de ano. Dá presente, faz favores, carrega nas costas. O pior é que nunca vai às vias de fato, nem convida. A menina comenta de um paquera e já toma de jeito, sem nem tempo pra mostrar que não liga a mínima para o que o chato pensa: - Pára Alessandra, aquele cara não tem nada a ver com você. Acho que às vezes a gente procura o amor sem perceber que ele pode estar por aí, por perto. Não é o seu tipo. (ainda é brega o coitado). Deve ser o tipo dele então né? E não desiste nunca. Chato, patriota. Pois são assim os chatos. Com certeza esqueci de alguns. Sem querer ser chato, fica pra próxima.

7.4.08

Gordelícia - Os prazeres da carne. Parte 1

Gordos. Falar de gordo é fácil. Tem os apelidos que a gente, que é gordo mesmo, guarda na parte da memória que não tem nada a ver com comida. Na parte do coração. Não que a gente se preocupe muito com o coração, principalmente quando vai à churrascaria, mas rolha de poço, bolota, baleia e outros, entopem muito mais veias do que aquele bifão de picanha com a saborosa gordurinha grudada na beirada! Eita. Gordo é gordo. O cara ou a mulher que estão gordos, não são gordos de verdade. A gordura real se acumula na cabeça e não na região abdominal. Um exemplo claro: Alguém aqui já assistiu um filme com aquela atriz (Joodie Foster), magrinha por sinal, no qual que ela ficava presa com a filha num quarto de segurança enquanto uns bandidos tentavam entrar pra roubar um tesouro, sei lá!?!?! Pois é, eu assisti com a minha irmã, dois gordos legítimos. Tem uma cena, logo no começo do filme, que mãe e filha pedem pizza. Mas não é uma pizza qualquer. Aquelas pizzas com quilos de queijo que a gente só vê em filme americano. Então, elas comem um pedacinho cada uma e largam a pizza na mesa. Se eu não me engano, elas jogam o “resto” da pizza fora. É aí que começa o suspense do filme, pelo menos pra mim e pra minha irmã. Minha reação foi instantânea, olhei na cara dela e disse bem alto, no estilo Filmográfico de Hollywood – Eu sei no que você está pensando agora! - Pô, vai jogar fora assim, na boa? Dá pra mim meu! Maior pizza do mundo no lixo! Filme de terror pra gordo né! Gordo é foda. Às vezes eu acho que gordo acha que não é gordo. Mas esse é um tipo de gordo que eu não sou mesmo. Aquele gordinho metido, que sempre quer falar de dieta como se tivesse feito todas as dietas do mundo e nenhuma servisse. Fala como se tivesse inventado uma técnica mágica de emagrecer com saúde e nunca mais engordar. O que eu não entendo é porque ele não usa a técnica com ele? Em casa de ferreiro o espeto é de pau? Aliás, no caso do gordo, o espeto é de lingüiça! Então, esse gordo aí, o gordo-regime. Chega no trabalho suadão. Oito horas da manhã, um frio de rachar osso, e o gordinho tá lá, parecendo que saiu daquela ultramaratona na África: 90 km no meio do desertão, sol na telha é pouco! Daí ele já chega e vai tomar um cafezinho com a galera, lá no segundo andar. Chega lá ofegante e fala que tá gripado pra disfaçar: - Ai, essa gripe! Lá em casa tá todo mundo gripado. Acho que peguei da minha namorada! Namorada?!?!?! É, gordinho sempre tem uma namorada mais linda que todas. Na maioria das vezes a namorada é uma PenPal, lá da Nova Zelândia que só conhece a figura pela foto do Brad Pitt quando era novo. Mas voltando ao lance do cafezinho. Todo mundo lá, servido de açúcar e o cara pega o café e toma a seco, sem nem adoçante. O mais importante é que ele tem a pachorra de criticar até quem usa o adoçante: - Pára com isso meu, eu li na Internet (a mãe de todas as fontes, não é?) que além de dar câncer, o adoçante engorda mais. Faz acumular mais líquido. Tudo bem, é só um cafezinho, eu não ia pegar raiva do gordinho só por estar querendo ajudar os colegas de trabalho. Não se fosse só isso. Na hora do almoço a gente convida o Dirigível da Goodyear pra comer.(esses apelidos que todo mundo dá pro gordo, mas ninguém tem coragem de falar na frente dele, como faziam na escola). Então alguém sugere um rodízio e o gordinho nem levanta a mão pra votar, já começa falando: - Ô loco meu (sem referência a ninguém), rodízio, vocês parecem que nunca viram comida! Tá bom, mas já que os votos são unânimes, a gente vai pra churrascaria! Chega lá, todo mundo senta, o Goodyear (o apelidinho vai evoluindo até ficar suficientemente incompreensível pra poder chamá-lo sem medo) e vai logo pedindo uma Coca Light. Tudo bem, todo mundo toma, ele já vira e se garante: - Cara, eu só tomo light porque eu prefiro o gosto! Cala a sua boca seu gordinho safado. Mentiroso e sem vergonha! Eu, que sou eu mesmo, tomo Coca Normal, pô! Ele levanta e entra na fila do buffet. Entra lá atrás e fica criticando todo mundo: - Nossa Alicinha, você sabia que o cuzcuz tem 800 calorias por pedaço. Alá o Pedrão, já tá com pancinha de cerveja e ainda tem coragem de pegar 3 colheres de purê. Pqp. O cara conta as colheres do alheio, põe duas cenourinhas no prato dele e vai sentar. A tensão na mesa não pára de crescer, tá todo mundo esperando pra ver o que faz esse cara ser desse tamanho se ele só fica na cenoura e na coca light. Passa cupim pra cá, picanha pra lá e o Good humilha todo mundo (viu, já dá até pra chamar de Good): - Garçom, dá pra você trazer um filezinho de frango grelhado pra mim, por favor. Sabe galera, esse lance de carne vermelha faz mal pra saúde e engorda pra caramba! MEU DEUS! Vou bater nesse cara. Uns quietos e outros tentando tirar o assunto da cabeça da galera quando o Good vira e acaba com o mistério. - Gente, hoje eu marquei um endócrino. Acho que eu to meio gordinho demais, deve ser alguma coisa com os hormônios. Ah tá, tudo bem, apelou pro problema de saúde. Até seria plausível se a tia da limpeza não contasse pra gente que o cara se esconde no armário das vassouras e manda 3 pacotes de Trakinas só pra abrir o apetite antes do almoço. Fala sério. Gordo engorda até quando mente. Não seria possível manter aquele corpinho negando até o TicTac que a gente oferece. Gordo safado. O pior gordo é aquele que não consegue ver. Já deve fazer uns dois anos, aliás, que ele não vê. Sabe que tem também a Gordinha Sentimental. Pode ser safada ou não, mas sempre mal amada. Vou falar da não safada e deixar a outra pra depois, já que tem muito presunto, digo, assunto. Sempre acha que tá todo mundo pagando o maior pau para ela. Tem certeza que todos acham ela linda e adora quando alguém diz que ela emagreceu. Caramba! Emagreceu onde? Só se for no juízo de valores. Essa já chega de manhã falando que acordou às 5h00 pra ir à academia, fez 3 horas de esteira e mais 5 horas de bicicleta e ainda conseguiu chegar no trabalho às 8h00? Façanha extraordinária, do tamanho dela. Mas sabe que eu até gosto desse tipo de gordo. Pelo menos ela não se esconde pra comer. Ao contrário, come na sua frente mesmo. Pega aquela bomba de chocolate, bombando de chocolate, usa as duas mãos e aperta a coisa enquanto você assiste o creme escorrendo pelos cantos. Lambe os dedos. Nossa. Essa cena é um horror. Você se sente naqueles filmes que o diretor usa o slowmotion combinado com uma distorção sonora que deixa o barulho da cheinha parecendo uma onda gigante. Plosh, plosh. E quando você acha que acabou, ela pergunta se alguém vai comer a bombinha extra que ela diz ter comprado pensando nos colegas. Vem aquele Nãããããããããããããoooooooooooooo, igual quando a gente tropeça na louça milenar da casa do patrão e respira fundo nos 2,5 segundos que leva pra merda se espatifar em pedacinhos pelo chão! Vai falar com ela para ver. A bichinha chora uns três dias, dá muita pena. Diz que nunca fez nada pra ser tão humilhada. Coitadinha, é sensível ao carboidrato. Sensível? Sei! Senta na frente da TV com um potão de sorvete como companhia, sempre depois dos foras dos mocinhos mais cobiçados do trabalho, aqueles aos quais ela se abriu pra dar bola durante os últimos dez anos na empresa. - Desde quando ele era estagiário – lembra ela, com orgulho da fidelidade. Aí vem a época de regimes e dietas. Compra e lê toda a literatura referente. Só que é aí que mora o problema, cada livrinho exige, só pra ser folheado, ao menos um pacotão de pipoca derretido na manteiga aviação, que a avó dela diz ser mais saudável. - Não tem gordura saturada minha filhinha, as outras são quase plástico! Ah, a família, principalmente o pai, só mente. Diz que ela é ossuda, está fortinha, saudável, tudo para enganar a “bonitinha”. Mas no almoço de domingo, quando chega o macarrão, a moça parece esquecer que tem família. Se a mesa agüentasse, ela subiria em cima para pegar as almôndegas maiores. Desse jeito não tem jeito mesmo. É um quilo por lágrima, levando em conta a sensibilidade à flor da pele, a bichinha já está igual ao Michelin da Goodyear. Igual o nosso querido Good, lá do armarinho de vassouras. Mas os dois também têm muitas histórias em comum, desde a escola primária. Ficavam doentes no dia do “Exame Biométrico” só pra fazer outro dia, separado do resto da galera que não perdoava. Media peso e altura. Peeeeeeeso e altura. Sabe que as conquistas dos obesos também vieram com o tempo e com o peso. Só que as pessoas não sabem quão constrangedor é enfrentar essas conquistas. No ônibus, por exemplo, aquele adesivinho na janela ao lado do “Assento Reservado para pessoas Obesas” ou “Obesas têm o direito reservado de embarcar e desembarcar pela porta traseira (sem o “Pessoas”, que eu já vi, como se só mulher gorda pegasse ônibus). O ponto de referência: Qual é o gordinho que nunca foi, assim como os carecas, indicado como esquina: - “ali, depois do gordão”. Tem também o exemplo para as maiorias. Na aula de educação física ou de biologia: - Corre galera, vocês estão mais devagar que o gordinho lá. Ele tá rolando na sua frente! - Então pessoal, o coração de um humano adulto pesa em torno de 1,2 quilos, já o do Gordinho, dá pra fazer um churrascão. E ri da cara do coitado que está fazendo até terapia pra enfrentar o peso. Ah, e depois da aula vem dizer, perto dos outros colegas: - Ô Gordinho, você tá ficando bom hein. Jajá dá pra entrar no time, vai ser a bola. E ri mais ainda. É o típico professor de cursinho que quer tirar onda, até parece ter esquecido que a pipa dele não sobe mais ou que a já não tão vasta cabeleira denuncia a participação dele nas passeatas das diretas, no mínimo. Mas isso é assunto pra outra vez também. Bom, vou largar o pé dos gordinhos um pouco que até eu fiquei com fome agora. Só de lembrar da pizza da Joodie Foster. Aiai, cabeça gorda. P.S.: Estou falando de pizza mesmo, já que a Jodie Foster é chinela.

11.1.07

Pré-Destinado

Era dia, o sol se via porém chovia, há dias. Agonia. Tudo que era bom nem existia, alegria, como agradecer melancolia? Eu já sabia, seria, seria.Qualquer movimento arrastaria mais alguém desistiria de andar, caminharia contrariando a multidão que o seguia, seguindo então a solidão que nele havia. Perdoaria? Ah sim, que há de ter no perdão da saborosa e multiétnica multidão, não seria culpa capital do messias se findasse a linha terminal já traçada pelo destino. Destino esse já desenhado pelo poder maior, o ser supremo da hipocrisia. Fez o local sem data certa, colocou o sujeito e escreveu a história, agora cobra coerência de quem nunca foi ensinado a ser coerente. Corrente do bem? Valha me Deus, aleluia e outros jargões celestiais.

Postei... até que enfim..

Postei...

Choveu?

Antes de hoje só havia um nada. Nada é capaz de fazer o tempo passar mais rápido do que ter algo, que não seja nada, a se fazer. Ócio é vácuo temporal congelado no instante e não há mais espaço para avançar ou retroceder. Guerras que viram farras de vanguarda, abutres famintos ao pé da cerca, mordendo seus calcanhares, te fazem seguir em frente. Ou a sua mente inquieta remonta o incômodo do ontem e levam seu prazer de estagnção. Experimente, teste um segundo que seja, mente vazia, olhos no momento, suspensos, sem respirar, nem pensar. Pense em não respirar, respire sem pensar, sem observar, contemple. Vazio inalcansável.Ruínas vistas no seu rosto, no fundo dos seus olhos ou reflexos em seu semblante que não temem revelar suas fraquezas.E quanto a descontrução das fraquezas? Seria isso a solução ou os riscos do passado insistirão em corroer sua alvura, sua transparência?Sorrisos sinceros só quando houver o nada. Contruirei esse nada sem pestanejar, mesmo que haja de haver, mesmo que chove desprazer, logo estarei dançando parado, sorrindo molhado. Choveu um dia, mas eu nem me lembro mais.

21.11.06

Pães - Aos Pais e Mães

Pais e mães, eu gosto de doce antes da refeição, Chocolate pra mim é arroz e balinha de goma é feijão. Tio, eu ainda não tenho uma namorada e não sou seu campeão, Eu nem concorro em nada, pra ganhar tanto beliscão. Na minha casa eu aprendi, não pedir video-game pro papai do céu, Eu espero o natal e peço pro papai noel.

Quando eu ando de carro imagino um balão na janela a voar, E nele eu me vejo a me ver viajar sem sair do lugar.

Não quero que vocês me entendam, Só quero fazer o que der na minha cabeça pequena. E é tanta coisa que não tá cabendo, Nem se eu tirar o boné, nem se eu fingir que não é Tudo de dentro de mim, tudo que eu quis assim, pois é.

Desenho você todos juntos e vejo o desenho mexendo. Será que sou eu quem sou louco, ou vocês que não querem me ver? O mundo é mais encantado, quando o encanto não segue ditado. A gente é sempre feliz quando a criança na gente é quem diz.

Quando eu ando de carro imagino um balão na janela a voar, E nele eu me vejo a me ver viajar sem sair do lugar.

17.11.06

Feliz Idade

Passa um mês de toda a vida que já se passou e de tudo que ainda há de vir. Só há o que somar e dizer que faz sonhar todos os meses que ainda vão passar. Um mês inteiro é pouco quando se vê o quanto de tempo carregamos no olhar. O tempo que passa é alicerce para os sorrisos, choros e sonhos que virão sem duvidar. Máquina do tempo, teletransporte, a gente só pode sonhar, mas o que a gente vive hoje, só nós resta aproveitar. Que venhão milhões de meses, sem medo de amar.

13.11.06

Onde está seu céu?

Das amenidades, nem sempre tão amenas, do dia-a-dia há uma que nunca me passa despercebida: a reclamação. Sempre há os que me chamam para reclamar sobre suas faltas e sobras, suas dores e amores dolorosos. Todos os dias, sempre, sem combinar. Para agradecer ou comemorar, só quando muitos puderem ouvir, de hora marcada, com hora para terminar. Eu quero mais comemorar, não ficar apenas no "TUDO BEM" dos cumprimentos, na busca por respostas de perguntas que, em maioria, nem deveriam questionar. Pois é, o céu está sempre mais perto dos que não estão a buscá-lo e passam seu tempo livre a contemplá-lo. Não há tempo nessa curta vida para querer felicidade, ser feliz é hábito que não se pára de treinar. Hábito que não enjoa, mesmo quando faz chorar, que não leva tempo nem nos faz cansar. Felicidade, não como eu já disse antes, tem sim uma fórmula eficaz: Um dia feliz é só você quem faz.

6.11.06

Silenciosas Conversas de Olhar

O meu amar é querer estar cansado ou temperado sempre dividindo a dúvida ou a certeza de dividir saciado e ansioso sair querendo voltar às voltas de querer ficar atração inexplicável, só de olhar entender o outro fácil só de ouvir respirar saber que mesmo nublado a luz há de raiar logo em breve pois nunca faz apagar. Silenciosas conversas de olhar isso é que é o Amar.

1.11.06

Negócio Fechado

Quem disse que eu não tenho razão? Comprei e vou levar, gostei, não vou trocar. É da cor que eu sempre quis e me faz sorrir demais. Não vem falar dos defeitos, eu já vi direito e entendi porquês. Deixa eu ser um satisfeito com o mundo perfeito do jeito que eu vi. Deixa eu ser apaixonado pelo pacote fechado que eu escolhi.

NÃO HÁ ACASO NO VENTAR

Pleno de suas faculdades emocionais, buscando correntes novas de vento razão, o pássaro enxergava de longe o alto do morro no qual nem a chuva chegava. Ele sabia que era lugar reservado somente aos que voavam e já estava cansado de temer os riscos do vôo. Ali no chão era ave respeitada pelas histórias de planar que contava aos outro que, como ele, temiam o ar. Mas era temor limitado pois sabia que o dia de voar havia chegado. Conheceu naquele verão o ser de penas que acalmou seu coração. Foram juntos à beira do galho se jogar na imensidão. Desde aquele salto não se ouviu mais seus pios. Apenas um canto feliz do longe que que parecia chamar ao amor, os que vivam no chão, na dor. Voa que é para ver que o amor nunca vem à toa.

20.10.06

Sobre Ajudar

Dentro do banco. Caixas trabalhando concentrados, uns contando dinheiro, outros atendendo os poucos clientes que nem formavam fila. O segurança cohilava de olhos entre-abertos. A luz do fim da tarde entrava pela porta de vidro e formava sombras sutis de pessoas e latas de lixo, quase penumbras. Não fosse o som da enceradeira no andar superior, todo o barulho estaria reduzido ao bater de teclas dos computadores e os murmurinhos dos clientes. Ao fundo notava-se, demonstrando uma inquietação reveladora, um senhor de meia idade, cabelos grisalhos e trajes finos, suando muito na testa e no nariz. Ele fazia todo o tipo de movimentos que faz alguém com sérios problemas. Eu o notei, o vi entrando com 3 malas, imaginei-as vazias pela curva pendular que faziam na mão do homem. Enquanto aguardava a devolução das sacolas que tinham sido entregues ao último caixa do bolcão, ele segurava uma delas na mão esquerda. A sacola já não tinha aspecto de vazia. Pesava de marcar a mão do indivíduo. A curiosidade me prendeu naqueles instantes, por horas. Claro que nas sacolas não haveria de ter roupas sujas. Por favor, quem entra num banco para pegar roupas sujas? Mas, além de dinheiro, era a única coisa que eu conseguia pensar. Imaginei o time de futebol dos funcionários do banco jogando seus uniformes sujos num cesto, pensei até nas roupas dos faxineiros do prédio. O Banco ficava no primeiro andar de um prédio, uma bela e moderna construção no centro da cidade, entre outros prédios tão belos e modernos. Eu lá, sentado na espera pelo meu gerente de contas, no térreo daquela obra moderna, pensando em uniformes sujos e grandes quantias em dinhero. Eu, com toda aquela grana, ia comprar uniformes novos para todos os times de futebol de favela da cidade e ficar com o que sobrasse para meus uniformes. Mas o que vale falar mesmo é de como as pessoas pedem ajuda de formas diferentes. O homem suado, me olhava fixamente enquanto esperava o atendimento. E cada vez que eu correpondia o olhar ele suava mais. Parecer querer me contar o que tinha na sacola. Será que ele percebeu minha agitação curiosa sobre o conteúdo de suas preciosas bolsas? Não sei, mas ele me percebeu. Fingi não vê-lo por alguns segundos, quase um minuto e quando eu voltei meu olhar a ele, estava lá imóvel, ainda me olhando. Como sou de iniciativa resolvi andar até ele, mas faltou coragem de encará-lo de perto e fui até o cafézinho. Enchi o copo, dei uns dois goles e segui, ainda relutante, o restante do caminho que nos separava.
- Olá senhor, posso ajudá-lo a carregar as sacolas? - Perguntei de repente.
- Claro que sim, era exatamente isso que eu estava pensando quando percebi você ali sentado aguardando. Não sabia se ia conseguir levá-las até o carro sem ajuda, já estava preocupado.
Precisei de alguns segundos para rir de mim mesmo, sobre como não me importava saber o conteúdo das sacolas para ajudá-lo e sobre como é difícil saber quando alguém quer sua ajuda. Eu tenho medo, às vezes, de parecer irritante oferecendo ajuda toda vez que penso que alguém precisa dela. Ainda não sei lidar com isso, mas estou aprendendo a não ficar pensando muito. Fazer mais e pensar menos. É assim que se vive o agora, mesmo na fila do banco.

18.10.06

Pescador

Coração de pescador só bate quando sente o mar
quando está em terra firme perde a firmeza de cantar
se limita essencialmente ao seu sangue espalhar
esperando o tempo todo para no seu leito mergulhar
Quando ao seu lado, nada, sem vela nem casco
vive à deriva no seu peito e à sua brisa a suspirar
és a imensidade que lhe dá tamanho e forma
sem você é só areia bruta que voa ao vento e nem luta
areia seca que não serve pra cultivar
areia indigna de ser banhada em mar
Volta detrás da onda uma ponta do saveiro
dizendo pro mundo inteiro que o amor te fez voltar
pescador velho que traz alegria, mas nunca aprendeu amar
deita cedo e acorda cedo, pois o peito está no mar
Vai, com o vento, de manhã a rede armar
Volta, com o mar, no começo do dia a findar

Pára de Parar (Pára de Sonhar)

Pó de pirlimpimpim, sempre tem alguém que traz pra mim. Se eu estalo um dedo assim, sempre vem um mal sem fim. Pra parar agora, não há quem consiga, começa uma briga pra não terminar. E vira guerra, se desmantela e mancha todo de sangue o brim. Cinderela, na janela, quem é que vai chorar por ela? Passe de mágica sem mesmo um mago, magoa o coração que sofre sem afago. Passe pra frente o que eu disse, pois é de repente que vem a velhice e pega no seu cancanhar, pra nunca mais desgrudar. Derruba os sonhos que você só fez sonhar, mas os muros que ergueu não hei de ver tombar. Pára de parar, sem sonhar não dá, mas sonhando não se faz nem rebelião, morte ao caboclo que de dormir ficou ôco e se afundou no chão. Esses versos sem sentença são para você irmão, mesmo sem nem ter nascido, já te quero ver crescido. Se vier pra mim em filho, vou te receber com pão, mas se duvidar do que eu digo eu recolherei a mão. Pára de parar em vão.

Sobre Estar

Sobre qualquer vontade minha eu posso escrever, sobre tudo que eu sempre quis eu posso até dizer, mas sobre querer estar com você, não há língua no mundo que consiga entender. Já tentei inglês, francês e javanês, mas nenhum outro ser no mundo sente o que sinto com você. Já aprendi morse, braile e libras e nem assim deu para falar tudo o que você me diz só de olhar. Sua presença me acalma e me agita, me enrola a língua de deixar vidrado. O tempo todo pensando em ficar ao seu lado.As palavras que seguem são só pra ilustrar o tamanho do mundo que eu vejo em seu estar:Adoro-te, Amo-te, Quero-te.... Mais, só quando a gente se encontrar.

17.10.06

Sobre Encontrar

Tem quem faça num pé só o que o outro tenta a vida toda, mas tentando, o outro vive tudo o que perde o Saci.
Tem quem leve para sempre o pouco que o outro dá, mas quem dá não sente falta do tudo que o outro tem.
Tem quem fique esperando outro para ir além, mas o outro já vem vivendo e passa com algum desdém.
Quem espera não leva nada daquilo que do outro vem.
Na vida a gente é engrenagem que só gira quando encontra a falta do que nos sobra e a procura só completa ao encontrar esse alguém.

10.10.06

Clichês Afinados ao Sol, Sem Dó.

Quem canta seus males espanta e espantados eles dançam, ao som marcado do seu violão. A voz que adoça os mais azedos amores, ecôa na imensidão do seu vácuo de esperanças perdidas com a vida. É mais fácil parar por aqui do que viver os sumiços de escutar sons perdidos para seguir. Não me venha com xurumélas por ter dado a ela o tudo que tinha, tão seu. O dia ainda nem nasceu e você já engole o medo da escuridão como se fosse o último pedaço da sobra do pão. Para quem sorri não ficam sobras, mesmo que pouco, o amor se desdobra em pedaços que fariam afinados todos seus versos, mesmo os monossilábicos. Pá tá ti, pa tá tá, bata o pé para falar um pouco de você, alguém pode até ouvir dizer. Não negue ser o Dó de uma canção sobre pena. Sem pena ninguém terá dó. Faça um Fá de fazer alegria, um Mi de matar o seu mal que Si não puder acalmar, vai matar qualquer Ré de voltar. Volta e revolta seus pares de nota, dedilhe as noites sem Sol como se fossem completos acordes de acordar de manhã. A música é mais do que eu posso entender sem rimar.

A Graça de Vocês Só Faz Rir em Português

Quem na mais divina consciência escolheria nascer na doença à viver na ausência de males do terceiro mundo? Só os que já nascem sabendo o tamanho do coração de um povo que não vê mal sem perdão. Sofre o brasileiro, mas para o mundo inteiro só faz sambar no terreiro. Dias Gomes foi levar, pros outros de pouca alma, explicação do que existe sem haver, do algo mais do nosso viver. Ser brasileiro é não sofrer, mas rir por antecedência para não chegar à ausência. Aos que daqui se foram, fica a única coisa que alguém nenhum no mundo pode dar senão nós mesmos: SAUDADES.

Outra Frase Solta...

"A paz mundial não é café pequeno" Kofi Annan em seu discurso de despedida do cargo de Secretário Geral da ONU.

Pára Todo O Sempre.

Pára todo o sempre que eu quero subir com meu enquanto. Enquanto eu vivo feliz agora, eles sofrem seus eternos. Já não me derrubam os argumentos com seus infindáveis lamentos, riam vocês de mim agora, depois voltarei a sorrir e quem virá daí me criticar? Quem fará as partes de julgar? Alegrarse-ão vocês com meu pesar? E isso que vivem a esperar? Chorem por vocês que meu lamento eu levo só, só até onde eu puder, denovo, minha alegria vestir. Passo a passo, sorriso e lágrima irão me carregar a onde ninguém daí pode enxergar. Vida sem rumo sempre dá mais prumo aos que não temem amar.

Um pouco de citação.

Sem exitar, vou me comparar a quem já fez muito bilhar e apagou de repente. Estrela que morre tarde, não ascende à bondade. Como Já disse o poetinha, numa velha valsinha, quem não exagera não vive, morre sem saber o quanto poderia sofrer. Morre sem dizer adeus, sem chorar felicidades, sem sorrir tritezas bestas. Só morre e fecha a porta do fim, deixa a luz menor sem ter visto, nas tervas, o bom do ruim. O poeta de vida louca completou com sua vida, morreu de morte morrida, por causa de tanto viver. Quem duvida que não viveram eles, os poetas, mais felizes em seus prantos que os sorridentes em seus falsos encantos? Exagerado e branco de alma preta, caminhos curtos à salvação, muito mais amor do que razão. Talvez seja essa a definição da palavra PAIXÃO.

Corações Aleijados Também Podem Amar

Tem quem vive com medo de voar, enquanto alguns erram na certeza de acertar. Acidentes são imprevisíveis até que alguém os preveja. Mesmo que não sejam, assim será para sempre no coração de quem perdeu alguém que ama. Amores vêm e vão, a falta deles diminui mas não cessa, a justiça pouco interessa, não ameniza a dor nem fortalece a reza, só faz chorar alguém que nada mais tem a fazer. Mas tua raiva não atraí outro amor para te fazer sorrir, só impede que teu coração, mesmo aleijo, volte a amar. Levante agora da tua cadeira de dor antes que atrofie todo teu amor. Isso é algo que eu senti necessidade de escrever pelos que tiveram o coração mutilado no acidente do vôo 1097 da Gol. Meus Pêsames podem não pesar tanto, mas sem dizê-los eu não mais aguentaria a carga de levá-los comigo. Egoísmo ou não, está dito.

4.10.06

Adão e Adinho e Leno....

Quando alguém desenhar, vão ser tirinhas...

"Leno, o Concierge dos Mendigos"

Ele é o concierge do mendigos da zona sul. Arruma papelão, latinha, jornal e quentinha. Vaga na fila do Inamps e na fila do sopão. Só cobra ajuda quando tá na mão. O mindigo é um mendigo malandrão, A samantha é um traveco do centrão. ---------------- leno: - Samantha, tá aqui o silicone que você me pediu gatinha. samantha: - Silicone Grand Prix!? Você tá loco que eu vou usar isso nimim!!! leno: - Nossa, achei que fosse o melhor. samantha: - Aí bobinho, a Mona aqui só usa Proauto. Senão nóis fali né Lê-nô! leno: - Humpf. --------------- dois meninos de rua rachando uma quentinha quando chega o leno. leno: - qual que é o nome ducêis? menina: - nome? que isso? leno: - é como uzôtro chama ucê na rua. menina: - ah bão. meu nome é "num sô sua tia", as veiz é "sai fora" leno: - e o seu muleke? menino: - meu nome é "cala a boca e chupa". --------------- mindigo: - de noite é mais foda lá na zona sul mindigo: - os Seus Guarda vem que vem ni nóis. os guarda espancando 2 mindigo mindigo: - mas o leno é foda mano. chega o leno e fala com os guarda, eles vão embora. mindigo: - valeu leno, si pricisá é nói hein. mai qui qui c falô pus guarda? leno: - falei que seis tão tudo com AIDS. ---------------- tá o mindigo todo desconfiado falando com o leno: mindigo: - leno, preciso de um favorzão. leno: - fala mindingo. mindigo: - preciso de um relógio mano. leno: - pra que relógio mindingo? você é mindingo. mindigo: - por que eu vi um homi no restaurante falando "todo mundo almoça meio-dia" ---------------- chega o leno com um saco de papel pro mindigo: leno: - óia só o que eu tenho pra tu mindigo. mindigo: - que isso leno, tá me tirando mano. leno: - é uma cenôra mano. pra você juntar e fazer sopa pô. mindigo: - valeu leno mais eu to de boa. mindigo: - a Samantha tá juntando cenôra faz um ano e eu ainda num vi sopa nenhuma. ---------------- no dia do sopão, leno e mindigo na fila. o mindigo sai da fila de fininho. leno: - ô mindigo, onde c vai mano, hoje é sopa de legumis. mindigo: - é mano, óia lá quem trôsse as cenôra. Samantha jogando cenouras na panela. ---------------- um padre chega falando com o mindigo. padre: - que deus te ajude meu filho. mindigo: - o leno já tá bão mano, magina ficá devendo favor pá mais um. padre: - esse seu amigo lhe presta favores através da vontade do pai celestial. o mendigo sai correndo e gritando. mindigo: - leno seu fiadaputa, quanto cê tá ganhando desse macumbêro.

Algumas Desventuras "Quase Sempre" Sexuais de Adão e Adinho

Adão e Adinho são dois garotos de 9 anos superexpostos à informação via internet mas ainda sem a capacidade de discernimento necessária para digeri-las. Adão: Faz-se superior à adinho fingindo saber mais do que sabe. Adinho: Enxerga em Adão um tutor para assuntos gerais, principalmente sexo. Ambos têm cara de criança. Adão tem bigodinho ralo. Vestem conjuntos de moleton (jogging, pique anos 80 da Adidas). Adão veste azul, adinho veste vermelho. Estão sempre com ereção (volumezinho nas calças). Os dois vivem sentados numa escadaria de uma casa amarela, daquelas que dão direto na calçada. A casa é número 69. -------------- Adinho: - Adão, o que é ereção? Adão: - Errr... Você não sabe ??? Adinho: - Não, me conta? Adão: - É uma coisa boa que a gente tem quando vê as meninas. Adinho: - Mas se a gente não gosta das meninas, por que a gente tem ereção? Adão: - É que faz a gente lembrar que é homem. Adinho: - Vacas. Diz Adinho com a mão no pinto insinuando-se para algumas meninas que passam na rua. -------------- Adinho: - Adão? Adão: - Fala muleque! Adinho: - Eu ouvi papai dizer pra mamãe que agora ele pode ter ereção a hora que ele quiser. Nesse momento uma luz tipo iluminação celeste cai sobre Adão e na rua, em segundo plano, está parado um caminhão dos laboratórios "Faizer". Adão: - Eu sei né seu burro. Seu pai tem "o controle". Ele toma "Vinagra". Volta tudo ao normal. Adinho: - Que isso Adão? Adão: - É pra ele num ter que ficar olhando as meninas pra lembrar que é homem. Adinho: - Nossa. Por que será que meu pai fica olhando sua mãe no varal. -------------- Adinho: - Adão. Peguei um Vinagra do meu pai. Vamo tomá? Adinho com um Vinagra na mão. Adão: - Dá aí que eu manjo. Os dois tomam. Um relógio no fundo acusa o passar de 5 horas e os dois rolam de dor com as mãos nos pintos. Adão(gritando): - Agora sim nós somos homens. Adinho: - É, e por 12 horas. Tá na bula. ------------- Adinho: - O que que é Gay? Adão: - Gay é um cara que tem ereção quando vê outro homem. Adinho: - Mas daí ele num lembra que é homem? Adão: - Não. Ele lembra que quer ser mulher. Adinho: - Então o Padre Genolli já pode virar freira de tanta ereção que ele tem com os coroinhas. ------------- Adinho chega comendo paçoca: Adão: - Que isso muleke. Onde c arrumou paçoca? Adinho: - Ganhei na Igreja. Adão: - Tá tendo quermece? De boca cheia adinho responde: Adinho: - Não. ereção. -------------- Adinho: - Adão. Seu pai é Gay? Adão: - Claro que não seu fdp. Adinho: - É que eu vi ele ficando de pau duro quando tava me olhando hoje cedo. Adão: - É que ele viu você e pensou: "Esse bichinha do Adinho..." daí ficou de pau duro pra lembrar que ele é homem. Adinho: - Orra, ele é macho mesmo viu. Num ficou de pau mole nem quando começou a esfregar em mim. ------------- Adinho: - Adão. Mina tem pau? Adão: - Claro que não muleke burro. Adinho: - Então elas num podem tomar Vinagra né? Adão: - Sei lá meo. Num sô mina. Por que c qué sabê? Adinho: - É que eu vi seu pai lá na praça com uma mina. Adão: - E aí. Tava de pau duro? - pergunta com cara de orgulho. Adinho: - Tavam. ------------ Adão chega na zona, toda cheia de fachadas coloridas e mulheres seminuas anunciando seus preços. Esolhe a que mais lhe agrada e vai até ela. Adão: - Oi Gatinha, tô afim de sacanagem. Tia: - É lindinho, quanto você tem aí? Adão: - Cincão, tem jeito? Tia: - Claro, entra aqui comigo. Entram num quarto super sujo e meio escuro, a profissional tira toda a roupa e ordena ao cliente. Tia: - Tira a roupa toda, menos a cueca, e feche os olhos. Super excitado, adão segue o ordenado e fica lá, de cueca. A profissional vai até atrás do garoto e puxa sua cueca até prender-lhe na cabeça. Adão, com cara de decepção, lamenta ao fim: Adão: - Sacanagem.

De Acordo Comigo.

A culpa é minha, a dor também. Escolhi mal, pressionado por outro de mim, fazer o que foi mais fácil e deixar para pagar depois. Peço desculpas, mas peço também que não some sua culpa ao meu erro. Eu carrego minha dor e não posso carregar a sua. A exasutão me ajuda a lembrar a importância de ser um sofredor indenpendente, sem sócios nem filiais no penar. Choro agora, as lágrimas acumuladas pelo caminho, exageradas diante do que perece pequeno, mas que desenrola uma corrente sem misericórdia, que me afoga.Assumo que falhei na hora do gol, mas não consigo levar a culpa da derrota sozinho. Eu gostaria, mas não sou capaz. Afinal, eu não entreguei o jogo. Sou casca frágil, recheada de mistérios que prefiro esconder a ter que mostrá-los à quem não me importa.Mais fácil é planar com o vento do que enfrentar o erro de fingir calado que não ligo. Quero ser seu amigo, posso te entender, mas se eu mesmo não me entendo e não posso esperar compreensão de você. Perdi-me há algum tempo atrás, não sei quanto, só sei que vivo agora em busca de quem sou. Fique no barco se estiver disposto a me ajudar, até se for com pancadas para me acordar. Senão escolha a liberdade de viver sem me encontrar e deixe para trás, em minha vida, o seu passar.

Personagens D´eus

Se nunca foi visto antes, pelo menos por nenhuma plateia que não fosse o próprio, fica difícil sair sem atuar. A dúvida de qual dos eus são teus tornam-lhe todos eles, mas ao mesmo tempo, nenhum deles. Tu és interrogação sem pergunta. Para onde vais correr quando vier o fim se não sabes nem se acredita que termine? Termina, mas começa novamente, sempre. Esse palco não tem marcação de tempo, nem de posição, espontâneo é só improviso e o texto é o teu viver. Se vives, se escreve, sem viver, és papel em branco e vácuo. Se te deixas escreverem é por vontade tua, se não deixas fica vago, sem sentido para fora. Assitio seu triste fim e choro, sem pensar que pode ser pelo mesmo caminho que eu termine, assim.

Dignidade

As falhas cometidas nunca se dão no instante em que ocorrem. Todas, inevitavelmente, levam-te a repensar seu modo de agir diante dos outros. Os problemas aos quais se soluciona por dentro, sem transparecer no comportamento, desgastam seu caráter e contaminam suas atitudes. Sempre, só se enxerga os erros quando pára de funcionar todo sistema paralelo que foi criado na tentativa de manter a acomodação estática, aconchegante. Quando coalha o doce, vem o tempo de trocar o caldo. Esse tempo chega sempre no auge da fuga. Nas vezes em que parece ter funcionado seu esforço de encobrir as malditas falhas. Insegurança, que gera medo, que gera hipocrisia, que cria situações insustentáveis, que dão em problemas homéricos. Problemas maiores dos que deixaram de ser resolvidos ao se fazer as malas. É assim que eu me sinto hoje. Consumido pela fome que eu provoquei alimentando o faminto errado só pelo fato de ele não recusar o mais puro prato feito. Difícil é agora que os dois, ainda famintos, se uniram contra a simplicidade do cardápio e em favor da distribuição justa. Ficou impossível levar mais um passo que não seja matar os dois de fome. Quem come, na vardade, é um terceiro. Que vive em mim escondido, cheio de falhas que eu desconheço, e pior, cheio de falhas que eu finjo desconhcer.A sangria é dolorosa, mas acalma a dor latente que não finda. Dói mais em mim do que nos outros, mas alivia o peso de terem que carregar-me ferido, acomodado. Não peço perdão por que errei nem espero ser socorrido de uma treva que eu criei, mas insito na compreensão desse erro do qual eu acredito que todos fazem parte. Desdigo, por enquanto, o que eu já disse em outras prosas sobre sinceridade. O caminho é mais longo do que parece e eu estou disposto a percorrê-lo até o fim, sem mais atalhos. Esses são sempre espirais de inverdade que te trazem de volta para trás sem trazer nada de mais, gastam sua alma e atrasam seu tempo.

Sobre o Mundo

Este é um texto profundo sobre as coisas que eu gosto no mundoPrimeiro que ele é redondo, não foi feito para coisas quadradas, e mesmo assim tem espaço para elas no meio. Eu disse ele, mas pode ser ela, ou isso, o que interessa pra mim é que é, mundo, planeta, sei lá, o que vier. Estou por aqui de passagem e já vim sabendo sobre as coisas que todo mundo gosta daqui. O que eu gosto de verdade são as coisas que me surpreendem, cheiro de chuva é otimo, mas o gosto é bem melhor. Céu estrelado é lindo, mas visto do mar é maior, mais brilhante, eu diria cintilante. Coisas que dizem de Deus, mas que não importa pra mim, quero comê-las, vivê-las e senti-las e deixo para depois saber de onde vieram, mesmo assim não faço nada que eu não faria, que me mataria.As águas, doces e salgadas, os sons coloridos e cheiros saborosos, os dias de maio à abril, o céu fechado, nublado, ensolarado, virado, cerrado. Findam os dias de uns e outros chegam de luz, mas sempre há os que não deixam de surpreender-se.

Aquele que se faz de fazer.

Deixe o cara lá em paz, andar pra frente é o que ele faz se te incomoda aperte o passo, perca de vez esse sorriso besta que só mostra aí de cima, deixe os outros verem sua cara de derrota, que já não é tão remota. Passa de uma vez para alguém sua graça de tentar e comece a fazer para mudar, suicídio não é opção para alguém como você, que sem coração só deseja assistir meu padecer, se um dia eu morrer, de quem você vai rir? Em quem vai jogar seus restos de concreto e pedra que não param de desmoronar do seu império egoísta do vencer? Torres de vigília cegas de hipocrisia que só fazem ver meu lado ruim. Fica aí, me deixa ir, pra onde eu vou você não cabe, se é que você sabe que existe algo além da mira da sua catapulta. Seu fraco, maniupula sua vitória para ganhar de você mesmo, afinal, todos preferem perder a competir na sua baia. Caia, ou vou aí te derrubar. É o fim agora, suspira e cospe para fora o choro, que eu já vou indo, embora quisese ficar para ver você sofrer.

Ócio da Paz

Quando as pessoas se cansam de viver na realidade, costumam ficar loucas ou viram grandes escritores de ficção. Todos se divertem muito, seja com os loucos ou com os livros, mas ninguém nunca percebe o quanto de fundamento existe nas histórias deles. Super-heróis sim, existem, e trabalham para sempre para um mesmo país, os EUA. Isso acontece por uma razão simples de se entender. Primeiro você deve assistir alguns títulos sobre os homens de super-poderes para entender como funciona a vida deles. Dê preferência as que inciam as séries, pois o que é importante se encontra em como eles se tornam heróis e, em seqüência, sobre como sempre triunfam sobre seus inimigos. Foi assim que eu comecei a perceber. Homem-Aranha, Capitão América (esse é clássico), Super-Homem, Mulher Maravilha (maravilha de mulher), todos. Independente de qual tenha sido o motivo, se tornaram exímios lutadores contra o mal, e vitoriosos mantenedores da paz. Porém, a paz nunca é mantida. Esse é o ponto no qual as coisas ficam claras. Imagine se algum inimigo americano vencesse o império do Norte e difundisse uma proposta de mundo diferente, com paz de verdade. Não haveriam mais guerras para se lutar e os heróis já não seriam necessários. As guerras, especialidade dos Norte Americanos Anglo Saxões que mesmo antes de migrarem em fuga para "sua" terra nova de liberdade já faziam batalhar, são tudo o que mantém vivos os poderosos super-homens. Enfim, desejo vida longa aos imortais, mas muito menos trabalho para eles.

1.10.06

Matar é Fuga

Foi vista na sala de estar, pelos que a fizeram chorar, na data do seu findar, com muito esperança no olhar. Não foi suicídio. Olhos que brilham como brilhavam os dela nunca seriam capazes de cerrar por conta. De seu viver foi dado cabo, algo encomendado, premeditado. Quem quer que fosse o agente, não pode ter sido o mandante. Para acabar com tal beleza, só mesmo desconhecendo suas proezas. Com as próprias mãos não, mas com palavras de razão sem razão. Só coração pode apagar tanta luz. Por inveja ou medo de não controlar, um amante qualquer poderia desesperar e sofrer, mas matar. Controle-se para não perder o fio racional que lhe resta, daqui para frente deverá tecer uma manta completa para andar no caminho da vida real. Já não basta bater coração, é preciso cantar a razão.

Fábula do Unicórnio

Um presidente Levy, qualquer, venceu e estabeleceu que se devia respeitar sua vontade: O AeroTrem. Da posse ressurgiu então a lendária figura do Unicórnio. Trazidos ao Brasil pelos primeiros Holandeses voadores durante a corrida pela paineira, além do chifre, eles voam.A volta dos seres surpreendeu quase todos, menos o progenitor do Pequeno Biggs, garoto encantador que embalou a infância dos agora eleitores de Levy.O Biggs pai, também lendário, não veio da Holanda, mas do reino dos muitos reinos e, como por lá foi conhecido, continuava o mesmo ganacioso incorrigível. Um fanfarrão materialista, como somos todos por essência. Disso não nasceriam frutos diferentes. Leu-se logo nos jornais: "Preso, desta vez no Brasil, o mito Ronald Biggs, apanhado em flagrante roubando o Aerotrem pagador, montado em um unicórnio e armado de realidade". Para eleitor sonhador nossa campanha é uma fábula. Vote Levy do AeroTrem, ao menos será possível deslumbrar-se com o fantástico vôo dos eqüínos esquecidos e seus chifres em espiral.

30.9.06

Pra Quando eu For Pai

Eu poderia lhe falar sobre o que houve em minha vida nesses anos sem te ver, mas fica mais fácil e rápido dissertar sobre um padrão que eu só faço obedecer. Pensar em viver. Resumida minha treva, como vai você?Ainda tem pavor do som da unha arrastando no isopor? Ainda tem medo de escuro? Quem você abraça quando chora? Ainda tem crises de espirro quando sai do banho? quando chove, ainda se esconde sob o lençol?Eu já te conheço mesmo sem saber. Se você quiser chegar sem antes me avisar, pode ser possível não me econtrar por aqui. Posso ter saído atrás de ti. Só venha na hora certa quando eu e você já tivermos aprendido a dividir. Não pense que amar é fácil só por que não te escolhi. Te aguardo de braços abertos se chegar no vôo certo e me fazer sorrir.

Um rosto sem homem.

Massacraram-no impiedosamente. Todos despiram-se de suas diferenças e se fundiram num só ser, tirano e cruel, e apagaram-no do mundo junto com tudo o que trazia consigo. O homem que um dia se levantou contra a multidão e, em silêncio, negou-se a cantar o refrão. O que importava para ele era a harmonia, o refrão só servia para marcar a carcaça das crias, organizadas em pastoreio. Difundiu-se então um sentimento de unidade na massa, de forma que caíram todas as máscaras, antes segregadoras, e ergueu-se um grande muro à volta daquelas almas. Serviu aquele servo descrente para derrubar a crença imposta desde sempre. Foi um mártir que morreu novamente quando seu sangrar foi transformado em refrão pelos que deram cabo de sua existência. Hoje cantam seu nome e vestem seu rosto.
Bá Chê, agora quem compra sou eu, você.

29.9.06

Homem ao Mar

Pensei que quanto mais tempo me faltasse a chuva, melhor seria o gosto da água quando voltasse a chover. Mesmo que fossem gotas pequenas para ver. Acho que só percebi agora que, o tempo que passou enquanto eu me escondia da chuva, me matou de sede. Já não sou capaz de beber um só gole de água sem que eu me lembre da amargura de ter a garganta seca. Sequei. Seria aqui que eu começaria a chorar, mas sequei. Isso ainda não é o fim. Eu assumi os riscos de chegar até aqui, já esperava que fosse assim. O que me mata de verdade não é a falta de lágrimas, mas sim o medo de me afogar em suas águas. Medo de nadar num mar ao qual eu escolhi abandonar. Esse medo me controla, me impede, me isola. Não consigo mais viver se penso que pode chover. Vou fugindo de ser salvo enquanto eu puder prever. Desisto aqui sem saber. Quero agora que a correnteza me guie para você, ou me leve para morrer. Só não aguento mais gritar: - Pule aqui pra me salvar!

Amigos à parte, colega faz parte.

Amizade é coisa graúda Pesa sempre pra levar Mas amigo de verdade Não reclama em carregar

Saudades dos meus amigos Que o tempo fez separar As turmas das quais fiz parte Para sempre vão me completar

Amigo vou Amigo viver Amigo meu Amigo tempo Amigo longe Amigo sempre Amigo a ti Amigo levar

Essa é para todos meus amigos que já se foram, que só se foram e que vão voltar, mesmo sem chegar.

Frase Solta

"Nada como, um dia após o outro" Frase dita a mim por um Fakir, numa de minhas vidas passadas. Achei relevante.

Primo Primeiro

"Família a gente não escolhe". Essa frase deve ter sido dita pela primeira vez em latim, ou até latida. Desde sempre, quando te incomoda um parente, você recorre ao velho ditado para não dizer que está esgotado. Família: cristãos controlados, povão alienado. Pai e mãe tudo bem, até irmão vai também, o problema é o primo primeiro. Quem foi que disse que a mulher do meu tio, irmão da minha mãe, pode ser minha tia sem antes me consultar? Primo primeiro? Na minha vida vem primeiro quem eu deixar e não quem o tabelião obrigar. Antes das pessoas eu prefiro os animais, os cães é que são felizes sem ter medo de comer suas primas ou comer sua primas. As supresas da vida em grupo são reduzidas a padrões impostos por ganasiosos homens da santidade, na qual eu nem acredito. Taí uma razão pela qual eu não cresço, não quero ter que escolher uma família da qual, com certeza, um dia vou me cansar.Deixa pra lá, eu amo quem eu escolho, quem me escolhe que me ame e quem ficar de fora que procure alguém pra amar, só não venha me cobrar por laços que eu nunca fiz jurar.

Como Avôa o Meu Penar

Parado em frente a mim mesmo eu já não me entendo mais. Um dia quero voar, no outro, derrubar você. Você que voa sem sofrer, que bate as asas abertas só pra eu ver. Pássaro branco que me causa inveja, já não me reconheço com pedras sempre à mão a te esperar. Nunca quis te machucar, sempre quis te ver passar, mas hoje eu me machuco só de pensar que você tem o poder que eu sempre quis dominar. É, o poder muda um homem, muda de nome, muda de mão, mas só machuca quem o quer de verdade, pois quem o tem sem querer sempre sabe o que fazer. Quando é que eu vou te ver pedindo ajuda pra nadar, isso eu sei fazer, só não sei satisfazer. Quero gostar tanto disso que eu não consigo pensar em outra coisa que não seja te afogar. Quem sabe se eu fizer você sumir, vou esquecer o quanto eu quero o ar e viverei mostrando aos outros como sou bom de mar. Desce aqui pra me contar o segredo de como é bom poder sem querer, viver sem desejar. Até lá eu vou nadando, com braçadas largas, na esperança de que você, daí de cima, um dia veja meu sofrer.

27.9.06

E se?

Se fosse fácil. Se fosse impossível. Não seria.
Se não nascesse. Se não crescesse. Não morreria.
Se não pudesse. Se não quisesse. Não viveria.
Alguém ainda é capaz de duvidar? Duvidar sem viver na hipocrisia? Não é possível ir ao fundo sem afundar-se. Não deixo mais de fazer para tentar.

26.9.06

Redenção

Eu sempre andei na linha. Na linha entre a loucura insana e a razão extrema. Vezes com o pé cá, vezes lá, mas nunca jurei bandeira de leste nem oeste. Ouço sempre que preciso melhorar e fico imaginando o que. Sempre faço o que eu quero, falo o que penso e ouço o que espero. Fico deitado olhando pra cima sem enxergar sequer o que há sobre mim. Me pergunto diariamente onde foi que eu deixei o manual de instruções que deveria ter vindo comigo, como ligar, como pausar, como parar, como viver. Eu não acredito em Deus que não seja eu, junto de você, abraçando o mundo inteiro e até fora dele. Acredito sim que ando por aí sem saber, no seu corpo ou no ar que você respira e que você pode ter passado um tempo congelado no mar cáspio, tentando fugir de ser digerido por um mamute gigante de um passado distante. O tempo é relativo, como sempre se diz. Quem se interessa pelo que eu acho certo? Não me interesso em saber. Se quero provar algo, é pra eu mesmo ter certeza de que nada é certo enquanto existe. E você ainda insiste em profanar sobre cartilhas do bem viver escritas por celébres homens de visão presentes no mundo antes do pão. Ah, que insolente, vem de repente e diz que estou errado, dentro do meu cercado sou eu quem mando e desmando. Saia para sua maldita jornada, segue pela mentira de estrada que seu dono criou pra você respeitar. Sobre o sangue da sua prole eu ainda irei caminhar, não tarda ao meu dia chegar. A redenção você ainda quer me obrigar a buscar? Redenção.Está aí uma coisa na qual eu nunca pensei seriamente. Será que eu já errei o suficiente diante dos outros para pensar em redenção? Acho que não. Sempre acreditei que a redenção viria após o arrependimento, mas nunca acreditei em nada que me pudesse levar a isso. Isso não me torna vazio, vivo além de tudo que não seja o que eu acredito. A simplicidade é o valor em que me apóio e a sinceridade, como eu já disse antes, sustenta a base do meu discurso. Hipocrisia, eu sempre fugi de você, demorei muito tempo para entender que quem não aceita a minha verdade, não vale a pena entender.Essa noite fomos ao cemitério, fingimos visitar um falecido, cuspimos no túmulo das pessoas e bebemos vinho, dizendo palavras profanas de sacrilégio. - "Que as trevas engulam suas almas, malditos humanos descrentes do mal "Pela manhã, seguimos até uma igreja, e fizemos exatamente o contrário, exceto pelo fato de que também bebemos vinho. E eu, que nem bebo.

Minha Carta Superman

O clima está tão seco aqui que eu estou evitando falar. Por isso estou te escervendo. O calor aqui recria o inferno, apesar da previsão ter prometido chuva para logo mais (na verdade já choveu, mas eu estou aproveitando o mote). Está frio aí? Tomara que sim! (nunca pensei que fosse dizer isso, eu odeio frio). Nada mudou por aqui, mesmo eu acreditando que as coisas podem mudar significantemente de um dia para o outro, nada mudou. Hoje eu quase fui no cinema, mas daí eu lembrei como seria egoísmo meu ir justo quando você não está por aqui, depois de ter lhe prometido tanto que veria "superman" com você. Daí fui para um bar, para variar. Cheguei agora, cheio de tédio, liguei o computador, finalmente consertado e abri uma página em branco. Demorei 1 hora pra sair do "clima está seco", o resto veio espontaneamente.
Bem, cheguei numa linha da qual não posso mais fugir. Essa é a parte na qual eu pergunto: Como vai você? Como vai sua vida? Seu coração? Sabe que eu tenho sido muito saudosista ultimamente? Tanto que eu gostaria que essa fosse uma carta escrita, selada e despachada. Mas o papel está em falta por agora. Estou sem assunto e com sono, mas lembrei de você. Saudades.

Boa Noite Curiosidade

Com o advento da leitura labial em minha vida, pude finalmente descobrir o segredo das misteriosas e animadas conversas silenciosas pós-boa-noite dos apresentadores de telejornal. Uma delas foi decifrada por mim numa noite dessas, depois de sofrer e sorrir com as notícias do nosso país varonil. Segue a transcrição fiel: - Sabe Caco, eu estive pensando, depois de assistir aquele reclame do novo Sal de Frutas Emo, fiquei com a pulga atrás da orelha. É sal de frutas ou sal de fruta? - Bem Ana, para ter certeza seria necessário saber se o produto é mesmo feito a partir de algum tipo de fruta, e se é de apenas um tipo ou vários. - Hahahaha, bem pensado, vou pesquisar na internet. - Aposto que vai. E, escondidos atrás dos créditos, terminam organizando suas pilhas de papel em branco e disfarçando uma risada contida que talvez seja para deixar-nos mais curiosos sobre o assunto.

23.9.06

Amaremoto (antigo - 8 Minutos de Mar)

Atuar é o meu risco ao te encontrar Não por qualquer anseio, mas já não sei amar Só me escaldei em águas onde fiz me afogar Contra a corrente do meu peito eu não sei mais remar Deixa vir o mar, mesmo sem poder ficar. Ela carrega o mar nos olhos e eu já não sei nadar E meu amor é onda que não pára de chegar.
É Moto-Perpétuo o meu penar?

Auto-Falante Afinado

Quem quer ser chamado, ter seu nome publicado? Quem quer ser lembrado, dar motivo e ser vaiado? Quem quer, que vá. Se for pra ser, que seja eu, pra lembrar do meu estado. Sem tempo pra pensar eu me remonto e encontro. Só em você, onde sempre vou buscar. O Prazer de ouvir dizer, falar. Sempre dá, sem calar. Quem tem medo de girtar só pra ser ouvido em outro estar? Sobe agora no meu ombro, sem exitar, eu vou te carregar e te espalhar. Adeus, eu vou indo, outro melhor já vem vindo aí. Quem se importa se mudar, o que vale é gritar. Pra você, por você, alguém quer saber? Falar. Falar. Ouvir dizer. Gritar.

Auto-Falante

Analisado e decifrado foi aquele dia. O garoto, então lembrado, foi chamado pelo auto-falante. Apesar do ruído indigesto que se espalhava pelo hall, pôde escutar seu nome sendo claramente repitido, inúmeras vezes. Porém, a dificuldade em perceber o mundo à sua volta o impediu de seguir ao guichê onde era esperado. O suor ardia-lhe os olhos e os passantes cegavam-lhe a visão. A mistura de cores espalhava seus pensamentos de forma que não conseguia ao menos respirar normalmente.Ofegante então ele caiu em desmaio. Em seguida, morreu seu coração. Não chovia, nem nevava, mas isso já não importava. Pálido e frio, o corpo sem vida do jovem rapaz nem foi notado. Tropessavam as pessoas em tudo que ele viveu, tudo que fez e sentiu agora eram apenas lembranças esquecidas pela morte. Nem céu nem inferno, muito menos reencarnação. Apenas esquecimento e indifernça de todos os quais, um dia, já lhe foram leais. Os todos. Assim findou-se mais um dos muitos que ainda irão, além dos que também já foram em vão. Quando chegar seu tempo não espere reconhecimento, nem a Deus vão lhe mandar, morra em paz sem deixar nada para trás.

20.9.06

Mais Valia Morrer de Sede...

Certa feita, um certo senhor, cansado de beber água ao gosto de São Pedro, resolveu cavar um poço na entrada de seu quintal. Foram dias de trabalho e muita terra mexida, mas ao ver brotar a água sentiu-se orgulhoso da lida. Resolveu então comemorar o feito, matou 6 cabritos pra assar naquela noite. Convidou o padre, o barão e o prefeito para beberem um pouco do rio que cavara, dito e feito. O gosto da água não agradou e o povo, resmungando se mandou. O senhor, triste e cansado, resolveu se vingar. Subiu ao leito do rio da cidade e fez uma pedra rolar, deixando a bica da praça secar. A sede atacou feito peste, antes de se voltarem ao senhor, muitos morreram orgulhosos do desdém que demosntravam pelo trabalho daquele, que viria a ser Seu Salvador.
Seu salvador não deu mole. Cobrou caro cada gole e se sentiu compensado pelo tamanho trabalho que teve para fazer o povo todo dobrar-se em joelhos na porta de seu quintal. Assim nasceu o Capitalista, que só enxerga capital, só valoriza o trabalho que não tem gosto ruim, as sobras do seu cascalho nos vende cobrando caro, fazendo-nos tolos assim.

"Como lidar com as coisas da vida que não dependem de você!" - Conselho de amigo.

Sabe quando você acha que está no auge e outro alguém te convence que pode levá-lo por caminhos melhores do que os que você escolheu, sozinho, seguir? Pois é. À primeira queda e a culpa vai toda ao outro alguém. E você? Pode alguém sofrer mesmo tendo feito tudo certo? Claro que não. Você errou num ponto crucial. Errou na hora que escolheu entregar sua escolha em outras mãos.
Não erre mais. Isso parece mais fácil do que é. Mas não é impossível. Para lidar com as coisas da vida que não te dependem, você só tem que fazer não depender delas. Se lhe faltam, que há de ruim? Chorar um pouco faz bem pra clarear a visão noutras provas que lhe virão. Corre fazer o que eu digo, conselho de amigo.

Escrever Para Curar

O céu mais bonito, do dia, eu já não consigo enxergar. A luz que ilumina me sega e me guia por caminhos incertos sem me consultar.
A noite, ao certo, me deveria cegar. Mas é quando eu vejo a mais distante estrela brilhar.
Aquela certeza de antes eu pude sentir apagar, e para fugir dessa dúvida devo meus olhos cerrar?
Pensei ser mais fácil escrever para curar. Mas sem alguém para dizer, eu só posso esquecer e chorar. Enxugar minhas lágrimas, dar um passo adiante e viver.
Só que isso eu não quero mais, passei toda vida a fugir e ao meu coração enganar.
Sempre fingi não querer tudo o que vivi a buscar, sonhando um dia esquecer e apagando devagar, todo meu sofrer. Assim só fiz chagas que nunca irão se fechar.
Se for para fugir da vida, outra vez, eu escolho apanhar. Melhor sangrar tudo agora, para fora, do que carregar.
Me bate! Me chuta da sua vida, mas não me deixe sonhar. Só não quero levar a ferida para o amanhã, sem lutar.

Sinceridade

Contruida numa amizade, a promessa de viver sinceridade me tornou finalmente, um alguém completo de verdade.
Hoje dou um braço, mas fingir não faço. Meu peito é transparente e me faz seguir em frente.
Erro e acerto, mas não me arrependo. Não me prendo, jamais, em sofrimento.
A angústia da escolha me fez perceber, que o tal sofrimento é medo de perder tudo o que decidi esquecer, para intensamente, o momento viver.

Penélope

Pê, peraí! Que que eu vou fazer? Se sem você, Vou voltar a morrer.
Minha mina de luz, Não naufraga agora. Espera esquecer, Sem sentir, ir embora.
Lembre-se ler: Sou só, mas alguém Que quer te ter, feliz assim. Venha ver.

18.9.06

Frio na Barriga - Quem nunca teve?

Traz até aqui o que é instenso Já não consegue carregar só Divide comigo o frio na barriga O silêncio que diz mais que toda voz do mundo O olhar que vê sem mesmo enxergar Divide comigo o amor por agora O que teve pelo que passou O que terá pelo que virá, em breve Aposenta tua consciência e venha de vez Desde ontem é para sempre, até amanhã. Agarre el Día

17.9.06

Língua Portuguesa

Eu adoro a Língua Portuguesa. Convoco uma salva de palmas ao bendito malandro que abriu a boca pela primeira vez e disse "Saudade". Esse aí deixou saudade. Acho que eu ouvi, da primeira vez, ainda no nado intra-uterino pelo qual todos passamos (menos os filhos da puta que parecem ter nascido de chocadeira). Que som suave, será que eu consigo? Que nada, fui entregue só com a língua internacional dos bebês inclusa. Passei por um upgrade para ganhar o bico-doce capaz de emanar algo além de "gagaga". Peço perdão ao Tupi, ao Inglês e ao Esperanto, mas eu gosto mesmo é de dizer:
Eita Capeta!!!

Última Rima do Mês - Não deu pra resistir - "Nem Sempre"

Nem sempre a luz ilumina Nem sempre a raiva confina E de sempre em sempre eu vou indo Nem sempre onde quero chegar

O segredo do seu mistério Eu posso ver daqui Você não me leva a sério Daqui te vejo cair

Eu sou você sem ego Apesar da dor que carrego Ser fato que eu não nego E para andar me desapego

Noite assim como essa Só noutra que me acerte À qual minha luz escureça E minha minha raiva liberte

Geração Vinil - "Áis Áis Beibê"

Parabéns Mané, você já tem 26 mas freou seu mundo aos 6, lá em 86. Jubilula já estão na malhação mas você ainda pensa que o Magaiver é herói e isqueleto é vilão. Camiseta do Kzuza, tênis austar e calça verde limão. Fica na janela do seu Apêzinho no centrão só tentando recriar o passado através do pouco vidro que sobrou entre os adesivos da TranzaMérica. Na cabeça um Uólquimein e no peito um correntão em letras garrafais: Vanilla Áis. Só poeira de um tempo que não volta mais, mas que você custa a acreditar que passou. É Mané, até quando você vai ficar carregando sozinho tudo que já não tem mais valor. Vai querer nos obrigar a aceitar que você não mudou nada desde o Cruzado Novo? Vem pro mundo Real para ver o quanto pode ser mais. Mais que um tempo. Mais de tudo, sem fita cassete nem hippie de papete. É hora de desatar-se do fervor pré-aids que você tanto usa pra esconder esses seus medos de enfrentar o novo. Vai querer viver denovo? Abraços.

Rimaí

Parei com rima... Juro... Vou dar um tempo pra descançar a língua, afinal de contas isso aqui não é blog de folclore. Não pare de acompanhar. E comentem (olha só eu falando para as massas denovo). Só de pensar que eu estou escrevendo pra outra pessoa e ninguém lê, já da vontade de rimar...

Oração do Veraneio Urbano

Chovem flores amarelas no passeio da minha viela Chovem gotas de sangue dos filmes de bang-bang Chovem notas afinadas do canto das malamadas Chovem dias mais chuvosos e noites mais calorosas
Nove meses se passaram e volta ao mundo a criação Rebento no ano novo, volta ao palco ó Deus verão. Dá-lhe calor.

Orkut... Comunidade Pra Geral...

Primeiro eu tenho que contar que eu tive a idéia do Orkut antes do cara do google. Só que achei fraquinha (hehehehe). Essa comunidade é pra quem é como eu: Acha tudo muito legal... Estou muito feliz por tê-la criado... Entrem: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=20644167&refresh=1 Ou não...

16.9.06

Mais Racional - Manifesto Pessoal

Um momento de nostalgia me fez lembrar de antigos amigos, do tempo de escola. Escola da elite, da qual nunca fiz parte. Meus pais, com muito esforço carregaram-me até a fonte de educação da qual só bebiam os rebentos da corte. "Está pensando que seu filho vai até onde? Não vai passar de mais um naquele monte. Ele é patinho-feio do conto-de-fadas da vida real" Sobre esse discurso de uma das orientadoras daquela fábrica de líderes, foi que meu pais construiram os valores que irei carregar comigo eternamente. Parece trágico. Mais trágico foi para eles, os comedores de geléia-real que não deram a devida importância para o zangão que alimentaram por pena, em sua estimada colméia segregadora. Bebam um pouco do meu veneno. E esperem sempre por mais.
Não posso dizer como começou, faz tanto tempo. Eu não estava aqui no início, mas a primeira vez que eu notei foi na rua. Estavam lá, nos pés das vitrines de algumas lojas, antes dos shoppings se tornarem populares. Não faziam parte do mundo, eram bárbaras, perguntei a minha Avó para que serviam e ela disse: “Para que os mendigos não durmam aí meu filho”. Elas eram claras e diretas, mas o problema era que ninguém as via como tais eram pra mim. Eu nunca, em minha vida ouvi alguém dizer que as achava horríveis, passaram a fazer parte das vitrines. E os mendigos das esquinas. Ignorar os problemas não é exclusividade da elite, mas eu acredito que a massa repita isso na sua eterna pretensão de sentirem-se parte do mundo. Do mundo deles. Agora Elas são os muros chapiscados, os condomínios fechados, as escolas particulares, os tênis da moda. Minha política é nobre, só quero uma coisa, poder escolher em quem votar. Eu não culpo nenhum dos políticos lá. Se não podem entender o valor de ser correto, não sou eu quem vai lhes ensinar, o que é preciso é depor os processos e as instituições. Eles são arcaicos e são a origem dos problemas. Eu não quero escolher meu governo sozinho. Quero que todos possam escolhê-lo comigo. Se você é um egoísta, como eu acredito que seja, faça isso pelos seus filhos e filhas que morrerão numa guerra. “Está pronto para a Guerra?” A guerra que você criou seu Cidadão! Pois é isso que você é agora, um Cidadão. Os Bandidos se armaram até e se organizaram em volta da degradante denominação que vocês mesmos deram a eles, tirando-lhes o direito de serem parte do seu mundo. Que mundo é esse? Por que eles querem tanto fazer parte dele? Não percebem como isso tudo é culpa nossa? Isso não é um discurso comunista não. Aqui não há altruísmo, para isso inventaram a religião. Sejamos racionais, mudem pelo que eles podem fazer com seus filhos se não tiverem a opção de escolher. E eles vão fazê-lo. Já estão fazendo. PCC, CV, ADA e tantos outros. Essas siglas são tudo o que eles têm, é como eles são reconhecidos. E o que você faz? Se arma? Se blinda? Se isola? É, quem vai ganhar a guerra? Seus filhos serão soldados com ódio, ódio de vocês que nada fizeram para mudar. Comprem, gastem, ergam seus impérios mas eles ainda estarão lá. Vocês fedem. Bem, mas fedem.

Racional Demais

Meu coração parece Repartição do INPS Nunca vi orgão tão omisso Sempre foge do compromisso
Vai tão devagar que parece parar Mas quando bate por ela finge não me escutar
Por Deus! Eu sou uma ilha Não preciso de cais pra viver em paz
Ele pode até me derrubar Mas no meu leito só vai se escutar: Libertas Quae Sera Tamen.

Não tão bem quanto seus cachórros...

Zé professor Saudades do senhor Meu tio, meu avô meu amigo Sua história vai virar livro Pode escrever o que eu digo Enquanto eu escrevo o que dizem de você Até mais vê.

Efeméride da Pulga (Descanse em Paz)...

Pula para cá! Venha me ver saltar. Olha só o dia no qual me encontro presa Todo mundo me odeia hoje, só por que eu não abro mão de ser eu mesma Está chovendo muito e eu já esqueci que horas são Desisti de contar o tempo quando ele se recusou a passar no meu compasso, Do meu pulo, do meu passo. Me diz agora. o que é que eu faço?
Não ria de mim que eu posso apostar quantos dia já viveste assim Só quero o mapa da porta, mas a porta certa Pois teus erros eu não quero viver Escreva uma carta pra mim de amanhã Me mande um cartão de mais tarde
Talvez eu econtre conforto em seus prantos Mesmo que sejam palavras de alarde
Que façam sofrer, Mas que façam diferente Viver a mesma piada é descontente O palhaço muda a maquiagem Mas sem graça, perde a viagem O circo só muda a platéia A pulga, delas a mais velha Beberrona e desengonçada
Sempre cai da escada Sem cão, sem canto Já não faz crer num santo E o dom do encanto É maldição sem acalanto Dai vão a raiva e a chuva Ficam as pulgas viúvas Da velha amiga palhaça Que tem a graça apagada No "PLAC" de uma pisada.

Minuto Peter

Pára um minuto e duvida de tudo. Morra se for pra morrer. Mas nunca se deixe perder.
É assim que se vão os Heróis. Um deles ainda quer ser? Já não te basta viver?
Quer atenção mas não basta querer. Quem espera não pode ter. Alcançá-la te mata. Buscá-la é morrer. E assim me cobra seu mundo falido, Pela escolha que eu fiz de nunca ter crescido. Prefiro morrer?!?!

8.9.06

Receita de Bolo

Ignore todas as formas pré-concebidas e apreendidas para enxergar ao longe e poder repreendê-las pelo que elas representam diante do que virá a partir de agora. Insólito é um adjetivo muito palpável pra descrever o que eu quero lhe fazer entender. Dê um passo à frente e sinta o vento soprando da forma que só você pode, trazendo à tona tudo o que o vento representou nos momentos que passaram e ele estava lá presente. O vento. Isso é o que nós podemos ver. Ignore seus sentidos e tente sintetizar qualquer sensação que já tenha passado em sua mente. Procure manter-se longe do aconchegante e entusiasmar-se com toda e qualquer manifestação que incomode. Só assim sairão, de dentro de você, as respostas que tanto procura. Você ainda tem certeza de quem é? Não pare de questionar-se até que a resposta seja NÃO.

Do Diário Não-Oficial de Marco Pólo (só um trecho).

Já não há espaço que me comporte nas formas que tomei depois de tanta vida. Não me basta mais rasgar o véu pra atravessar, mesmo sem ter ido lá já sei que lá não é. É como um sonho daqueles, de acordar suado, que você não encontra sua casa. Mas não é sonho. Que mundo é esse que não oferece aconchego pruma vida toda dedicada a entendê-lo? Só posso, agora, pensar que não é meu mundo. Vou ter que ir pra outro mundo pra saber o quanto me importo com esse aqui? Marte? O tempo não é importante, não é substancial nas circuntâncias atuais. Nem que leve 100 anos. De onde eu vim é pra onde eu vou. Ainda posso ouvir a promessa do meu pai ecoando em minha mente. Essa gente mente e eu não vou participar. Eu não sou daqui. Ei, você! Dá-me rumo, pra que eu sozinho assuma o prumo dessa vida descarada: minha jornada. Presunção dizer que já vi tudo? Não. Eu já o vi! A fuga agora é rever, dessa vez de ponta cabeça. O mundo é que tem que mudar pra caber tudo que eu carrego comigo. Formigas e Aviões, o importante é que você já os tenha visto, pra quando olhar denovo, na volta pra casa, sentir aquele gosto de vitória que só os pródigos digerem. Amargo mas satisfatório, nascerá um sorriso, afinal.

9.8.06

Jaruá das Caronas

Jaruá não é cidade grande mas tem mais táxis que são paulo. Todos os carros são táxis, mas não se cobra a viagem. Já é costume, desde a fundação do município, dar carona aos conhecidos e dependendo da situação até a desconhecidos. Délio é velho e sabe onde mete o nariz. Além das caronas que dá e recebe, "corre atrás" fazendo trabalhos de marcenaria numa pequena, porém organizada, oficina que montou com a ajuda do irmão Aurélio, ocupando a obsoleta área de lazer de sua humilde casa. O bairro é na entrada da cidade. De sua janela se vê o movimento da Rodovia Interestadual, único acesso decente a Jaruá e por onde passam muitas caronas. A idade já não preocupa Délio e os filhos, todos criados, já têm suas próprias famílias. O irmão, preferido da família e considerado o mais bem sucedido entre os dois, cria uma variedade de caramujos comestíveis e abastece restaurantes das grandes capitais. Essa é a vida que Délio quer esquecer. Seu carro parou de funcionar. Saiu dirigindo sem planejar, incentivado por uma briga com Delma, esposa e freqüente carrasco. Aquele dia, não deu carona. - Acabou a porra da gasolina. Merda. Fazia calor na beira da estrada de chão batido onde Délio se encontrava perdido. Ele suava muito. Sempre suou. Seus olhos transpareciam o desespero de não saber nem pelo que sofria. Indignado resolveu continuar sua fuga sem rumo a pé. A poeira de outros veículos subia e dificultava a respiração, já falha pelos longos anos de cigarro e sedentárismo. A primeira lágrima rolou seu rosto sofrido e caiu, derrubando-o no chão. O choro parecia incontrolável. O tempo já não passava e o sofrimento corroia Délio até a alma. Ele nunca conseguiu estar feliz. Nem por um curto instante. Só fazia pensar sobre como tudo poderia ser melhor se fosse diferente. E a causa desse sofrimento era, para ele, uma só: - Maldita carona. Por que as pessoas têm que ser tão boas. Que vão ao inferno. Délio sentiu-se impotente ao lembrar os caminhos que poderia ter seguido, as viagens que poderia ter desfrutado, os tropeços que deveria ter vivido, não fossem as malditas caronas. Ali, diante do tágico limiar de seus dias, gritou irritado: - Cheguei ao fim, de carona na vida de outro infeliz. Sábio, não voltou mais para casa. Tornou-se apenas mais um assunto entre as amenidades discutidas nas caronas de Jaruá.

11.7.06

Já tentou olhar você como se fosse outra pessoa?

Eu já, e daí?
Daqui de dentro eu vejo mais longe
Muito mais longe do que eu via aí de dentro
Já tentei enxegar assim outras vezes
Mas daí de dentro foi impossível
Daqui de dentro eu vejo o que eu nunca quis ver
Os caiminhos que eu nunca segui
As pessoas que eu nunca encontrei
Daí de dentro não
Daqui de dentro eu entendo os porquês
Por que sim e por que não e daí?
Vejo os erros e os acertos e as desulpas
Daí de dentro não
Daqui eu estou fora daí
Daí eu só estou dentro, fechado
Daqui é bom, mas não é daí
Daí sou eu, daqui eu não
Volto praí pra lembrar o que eu vi daqui
E saber o que eu não fiz daí
Aqui é fora, mas não demora eu tô devolta
Aí vou eu.

10.7.06

Ode à Noite (antigo)

A escuridão da noite
Ilumina meus destempêros
Acende meus devaneios
Desperta um outro eu em mim
A noite eu me liberto
Me deixo levar pelo mais tolo dos versos
Me livro dos meus problemas
Com um estalar de dedos
A noite eu me livro
Das amarras em meu coração
Dico mais abertos
Às notas de um samba-canção
Eu canto e choro
Sempre me enamoro
Pelos sonhos criados
Com meus os olhos cerrados
E por isso eu corro
Pra fugir da luz
E dentro de mim eu escondo
Um ser que só me seduz