Lê-lo-ei

Desde rebento já fazia escrever. E sempre sem desviar-se do objetivo. Às vezes com um gesto ou com um som, chamava a atenção, persuadia e alcança a meta, com plano traçado. Um choro, dos bem chorados, acordava os interessados e sempre os fazia entender, qualquer que fosse o querer. Hoje, em degrais Maslownianos mais altos, já não chora mais. Hoje faz rir e chorar. Quem escreve mais, chora menos. (é tudo ficção).

30.9.06

Um rosto sem homem.

Massacraram-no impiedosamente. Todos despiram-se de suas diferenças e se fundiram num só ser, tirano e cruel, e apagaram-no do mundo junto com tudo o que trazia consigo. O homem que um dia se levantou contra a multidão e, em silêncio, negou-se a cantar o refrão. O que importava para ele era a harmonia, o refrão só servia para marcar a carcaça das crias, organizadas em pastoreio. Difundiu-se então um sentimento de unidade na massa, de forma que caíram todas as máscaras, antes segregadoras, e ergueu-se um grande muro à volta daquelas almas. Serviu aquele servo descrente para derrubar a crença imposta desde sempre. Foi um mártir que morreu novamente quando seu sangrar foi transformado em refrão pelos que deram cabo de sua existência. Hoje cantam seu nome e vestem seu rosto.
Bá Chê, agora quem compra sou eu, você.