Lê-lo-ei

Desde rebento já fazia escrever. E sempre sem desviar-se do objetivo. Às vezes com um gesto ou com um som, chamava a atenção, persuadia e alcança a meta, com plano traçado. Um choro, dos bem chorados, acordava os interessados e sempre os fazia entender, qualquer que fosse o querer. Hoje, em degrais Maslownianos mais altos, já não chora mais. Hoje faz rir e chorar. Quem escreve mais, chora menos. (é tudo ficção).

23.9.06

Auto-Falante

Analisado e decifrado foi aquele dia. O garoto, então lembrado, foi chamado pelo auto-falante. Apesar do ruído indigesto que se espalhava pelo hall, pôde escutar seu nome sendo claramente repitido, inúmeras vezes. Porém, a dificuldade em perceber o mundo à sua volta o impediu de seguir ao guichê onde era esperado. O suor ardia-lhe os olhos e os passantes cegavam-lhe a visão. A mistura de cores espalhava seus pensamentos de forma que não conseguia ao menos respirar normalmente.Ofegante então ele caiu em desmaio. Em seguida, morreu seu coração. Não chovia, nem nevava, mas isso já não importava. Pálido e frio, o corpo sem vida do jovem rapaz nem foi notado. Tropessavam as pessoas em tudo que ele viveu, tudo que fez e sentiu agora eram apenas lembranças esquecidas pela morte. Nem céu nem inferno, muito menos reencarnação. Apenas esquecimento e indifernça de todos os quais, um dia, já lhe foram leais. Os todos. Assim findou-se mais um dos muitos que ainda irão, além dos que também já foram em vão. Quando chegar seu tempo não espere reconhecimento, nem a Deus vão lhe mandar, morra em paz sem deixar nada para trás.