Lê-lo-ei

Desde rebento já fazia escrever. E sempre sem desviar-se do objetivo. Às vezes com um gesto ou com um som, chamava a atenção, persuadia e alcança a meta, com plano traçado. Um choro, dos bem chorados, acordava os interessados e sempre os fazia entender, qualquer que fosse o querer. Hoje, em degrais Maslownianos mais altos, já não chora mais. Hoje faz rir e chorar. Quem escreve mais, chora menos. (é tudo ficção).

20.10.06

Sobre Ajudar

Dentro do banco. Caixas trabalhando concentrados, uns contando dinheiro, outros atendendo os poucos clientes que nem formavam fila. O segurança cohilava de olhos entre-abertos. A luz do fim da tarde entrava pela porta de vidro e formava sombras sutis de pessoas e latas de lixo, quase penumbras. Não fosse o som da enceradeira no andar superior, todo o barulho estaria reduzido ao bater de teclas dos computadores e os murmurinhos dos clientes. Ao fundo notava-se, demonstrando uma inquietação reveladora, um senhor de meia idade, cabelos grisalhos e trajes finos, suando muito na testa e no nariz. Ele fazia todo o tipo de movimentos que faz alguém com sérios problemas. Eu o notei, o vi entrando com 3 malas, imaginei-as vazias pela curva pendular que faziam na mão do homem. Enquanto aguardava a devolução das sacolas que tinham sido entregues ao último caixa do bolcão, ele segurava uma delas na mão esquerda. A sacola já não tinha aspecto de vazia. Pesava de marcar a mão do indivíduo. A curiosidade me prendeu naqueles instantes, por horas. Claro que nas sacolas não haveria de ter roupas sujas. Por favor, quem entra num banco para pegar roupas sujas? Mas, além de dinheiro, era a única coisa que eu conseguia pensar. Imaginei o time de futebol dos funcionários do banco jogando seus uniformes sujos num cesto, pensei até nas roupas dos faxineiros do prédio. O Banco ficava no primeiro andar de um prédio, uma bela e moderna construção no centro da cidade, entre outros prédios tão belos e modernos. Eu lá, sentado na espera pelo meu gerente de contas, no térreo daquela obra moderna, pensando em uniformes sujos e grandes quantias em dinhero. Eu, com toda aquela grana, ia comprar uniformes novos para todos os times de futebol de favela da cidade e ficar com o que sobrasse para meus uniformes. Mas o que vale falar mesmo é de como as pessoas pedem ajuda de formas diferentes. O homem suado, me olhava fixamente enquanto esperava o atendimento. E cada vez que eu correpondia o olhar ele suava mais. Parecer querer me contar o que tinha na sacola. Será que ele percebeu minha agitação curiosa sobre o conteúdo de suas preciosas bolsas? Não sei, mas ele me percebeu. Fingi não vê-lo por alguns segundos, quase um minuto e quando eu voltei meu olhar a ele, estava lá imóvel, ainda me olhando. Como sou de iniciativa resolvi andar até ele, mas faltou coragem de encará-lo de perto e fui até o cafézinho. Enchi o copo, dei uns dois goles e segui, ainda relutante, o restante do caminho que nos separava.
- Olá senhor, posso ajudá-lo a carregar as sacolas? - Perguntei de repente.
- Claro que sim, era exatamente isso que eu estava pensando quando percebi você ali sentado aguardando. Não sabia se ia conseguir levá-las até o carro sem ajuda, já estava preocupado.
Precisei de alguns segundos para rir de mim mesmo, sobre como não me importava saber o conteúdo das sacolas para ajudá-lo e sobre como é difícil saber quando alguém quer sua ajuda. Eu tenho medo, às vezes, de parecer irritante oferecendo ajuda toda vez que penso que alguém precisa dela. Ainda não sei lidar com isso, mas estou aprendendo a não ficar pensando muito. Fazer mais e pensar menos. É assim que se vive o agora, mesmo na fila do banco.

18.10.06

Pescador

Coração de pescador só bate quando sente o mar
quando está em terra firme perde a firmeza de cantar
se limita essencialmente ao seu sangue espalhar
esperando o tempo todo para no seu leito mergulhar
Quando ao seu lado, nada, sem vela nem casco
vive à deriva no seu peito e à sua brisa a suspirar
és a imensidade que lhe dá tamanho e forma
sem você é só areia bruta que voa ao vento e nem luta
areia seca que não serve pra cultivar
areia indigna de ser banhada em mar
Volta detrás da onda uma ponta do saveiro
dizendo pro mundo inteiro que o amor te fez voltar
pescador velho que traz alegria, mas nunca aprendeu amar
deita cedo e acorda cedo, pois o peito está no mar
Vai, com o vento, de manhã a rede armar
Volta, com o mar, no começo do dia a findar

Pára de Parar (Pára de Sonhar)

Pó de pirlimpimpim, sempre tem alguém que traz pra mim. Se eu estalo um dedo assim, sempre vem um mal sem fim. Pra parar agora, não há quem consiga, começa uma briga pra não terminar. E vira guerra, se desmantela e mancha todo de sangue o brim. Cinderela, na janela, quem é que vai chorar por ela? Passe de mágica sem mesmo um mago, magoa o coração que sofre sem afago. Passe pra frente o que eu disse, pois é de repente que vem a velhice e pega no seu cancanhar, pra nunca mais desgrudar. Derruba os sonhos que você só fez sonhar, mas os muros que ergueu não hei de ver tombar. Pára de parar, sem sonhar não dá, mas sonhando não se faz nem rebelião, morte ao caboclo que de dormir ficou ôco e se afundou no chão. Esses versos sem sentença são para você irmão, mesmo sem nem ter nascido, já te quero ver crescido. Se vier pra mim em filho, vou te receber com pão, mas se duvidar do que eu digo eu recolherei a mão. Pára de parar em vão.

Sobre Estar

Sobre qualquer vontade minha eu posso escrever, sobre tudo que eu sempre quis eu posso até dizer, mas sobre querer estar com você, não há língua no mundo que consiga entender. Já tentei inglês, francês e javanês, mas nenhum outro ser no mundo sente o que sinto com você. Já aprendi morse, braile e libras e nem assim deu para falar tudo o que você me diz só de olhar. Sua presença me acalma e me agita, me enrola a língua de deixar vidrado. O tempo todo pensando em ficar ao seu lado.As palavras que seguem são só pra ilustrar o tamanho do mundo que eu vejo em seu estar:Adoro-te, Amo-te, Quero-te.... Mais, só quando a gente se encontrar.

17.10.06

Sobre Encontrar

Tem quem faça num pé só o que o outro tenta a vida toda, mas tentando, o outro vive tudo o que perde o Saci.
Tem quem leve para sempre o pouco que o outro dá, mas quem dá não sente falta do tudo que o outro tem.
Tem quem fique esperando outro para ir além, mas o outro já vem vivendo e passa com algum desdém.
Quem espera não leva nada daquilo que do outro vem.
Na vida a gente é engrenagem que só gira quando encontra a falta do que nos sobra e a procura só completa ao encontrar esse alguém.

10.10.06

Clichês Afinados ao Sol, Sem Dó.

Quem canta seus males espanta e espantados eles dançam, ao som marcado do seu violão. A voz que adoça os mais azedos amores, ecôa na imensidão do seu vácuo de esperanças perdidas com a vida. É mais fácil parar por aqui do que viver os sumiços de escutar sons perdidos para seguir. Não me venha com xurumélas por ter dado a ela o tudo que tinha, tão seu. O dia ainda nem nasceu e você já engole o medo da escuridão como se fosse o último pedaço da sobra do pão. Para quem sorri não ficam sobras, mesmo que pouco, o amor se desdobra em pedaços que fariam afinados todos seus versos, mesmo os monossilábicos. Pá tá ti, pa tá tá, bata o pé para falar um pouco de você, alguém pode até ouvir dizer. Não negue ser o Dó de uma canção sobre pena. Sem pena ninguém terá dó. Faça um Fá de fazer alegria, um Mi de matar o seu mal que Si não puder acalmar, vai matar qualquer Ré de voltar. Volta e revolta seus pares de nota, dedilhe as noites sem Sol como se fossem completos acordes de acordar de manhã. A música é mais do que eu posso entender sem rimar.

A Graça de Vocês Só Faz Rir em Português

Quem na mais divina consciência escolheria nascer na doença à viver na ausência de males do terceiro mundo? Só os que já nascem sabendo o tamanho do coração de um povo que não vê mal sem perdão. Sofre o brasileiro, mas para o mundo inteiro só faz sambar no terreiro. Dias Gomes foi levar, pros outros de pouca alma, explicação do que existe sem haver, do algo mais do nosso viver. Ser brasileiro é não sofrer, mas rir por antecedência para não chegar à ausência. Aos que daqui se foram, fica a única coisa que alguém nenhum no mundo pode dar senão nós mesmos: SAUDADES.

Outra Frase Solta...

"A paz mundial não é café pequeno" Kofi Annan em seu discurso de despedida do cargo de Secretário Geral da ONU.

Pára Todo O Sempre.

Pára todo o sempre que eu quero subir com meu enquanto. Enquanto eu vivo feliz agora, eles sofrem seus eternos. Já não me derrubam os argumentos com seus infindáveis lamentos, riam vocês de mim agora, depois voltarei a sorrir e quem virá daí me criticar? Quem fará as partes de julgar? Alegrarse-ão vocês com meu pesar? E isso que vivem a esperar? Chorem por vocês que meu lamento eu levo só, só até onde eu puder, denovo, minha alegria vestir. Passo a passo, sorriso e lágrima irão me carregar a onde ninguém daí pode enxergar. Vida sem rumo sempre dá mais prumo aos que não temem amar.

Um pouco de citação.

Sem exitar, vou me comparar a quem já fez muito bilhar e apagou de repente. Estrela que morre tarde, não ascende à bondade. Como Já disse o poetinha, numa velha valsinha, quem não exagera não vive, morre sem saber o quanto poderia sofrer. Morre sem dizer adeus, sem chorar felicidades, sem sorrir tritezas bestas. Só morre e fecha a porta do fim, deixa a luz menor sem ter visto, nas tervas, o bom do ruim. O poeta de vida louca completou com sua vida, morreu de morte morrida, por causa de tanto viver. Quem duvida que não viveram eles, os poetas, mais felizes em seus prantos que os sorridentes em seus falsos encantos? Exagerado e branco de alma preta, caminhos curtos à salvação, muito mais amor do que razão. Talvez seja essa a definição da palavra PAIXÃO.

Corações Aleijados Também Podem Amar

Tem quem vive com medo de voar, enquanto alguns erram na certeza de acertar. Acidentes são imprevisíveis até que alguém os preveja. Mesmo que não sejam, assim será para sempre no coração de quem perdeu alguém que ama. Amores vêm e vão, a falta deles diminui mas não cessa, a justiça pouco interessa, não ameniza a dor nem fortalece a reza, só faz chorar alguém que nada mais tem a fazer. Mas tua raiva não atraí outro amor para te fazer sorrir, só impede que teu coração, mesmo aleijo, volte a amar. Levante agora da tua cadeira de dor antes que atrofie todo teu amor. Isso é algo que eu senti necessidade de escrever pelos que tiveram o coração mutilado no acidente do vôo 1097 da Gol. Meus Pêsames podem não pesar tanto, mas sem dizê-los eu não mais aguentaria a carga de levá-los comigo. Egoísmo ou não, está dito.

4.10.06

Adão e Adinho e Leno....

Quando alguém desenhar, vão ser tirinhas...

"Leno, o Concierge dos Mendigos"

Ele é o concierge do mendigos da zona sul. Arruma papelão, latinha, jornal e quentinha. Vaga na fila do Inamps e na fila do sopão. Só cobra ajuda quando tá na mão. O mindigo é um mendigo malandrão, A samantha é um traveco do centrão. ---------------- leno: - Samantha, tá aqui o silicone que você me pediu gatinha. samantha: - Silicone Grand Prix!? Você tá loco que eu vou usar isso nimim!!! leno: - Nossa, achei que fosse o melhor. samantha: - Aí bobinho, a Mona aqui só usa Proauto. Senão nóis fali né Lê-nô! leno: - Humpf. --------------- dois meninos de rua rachando uma quentinha quando chega o leno. leno: - qual que é o nome ducêis? menina: - nome? que isso? leno: - é como uzôtro chama ucê na rua. menina: - ah bão. meu nome é "num sô sua tia", as veiz é "sai fora" leno: - e o seu muleke? menino: - meu nome é "cala a boca e chupa". --------------- mindigo: - de noite é mais foda lá na zona sul mindigo: - os Seus Guarda vem que vem ni nóis. os guarda espancando 2 mindigo mindigo: - mas o leno é foda mano. chega o leno e fala com os guarda, eles vão embora. mindigo: - valeu leno, si pricisá é nói hein. mai qui qui c falô pus guarda? leno: - falei que seis tão tudo com AIDS. ---------------- tá o mindigo todo desconfiado falando com o leno: mindigo: - leno, preciso de um favorzão. leno: - fala mindingo. mindigo: - preciso de um relógio mano. leno: - pra que relógio mindingo? você é mindingo. mindigo: - por que eu vi um homi no restaurante falando "todo mundo almoça meio-dia" ---------------- chega o leno com um saco de papel pro mindigo: leno: - óia só o que eu tenho pra tu mindigo. mindigo: - que isso leno, tá me tirando mano. leno: - é uma cenôra mano. pra você juntar e fazer sopa pô. mindigo: - valeu leno mais eu to de boa. mindigo: - a Samantha tá juntando cenôra faz um ano e eu ainda num vi sopa nenhuma. ---------------- no dia do sopão, leno e mindigo na fila. o mindigo sai da fila de fininho. leno: - ô mindigo, onde c vai mano, hoje é sopa de legumis. mindigo: - é mano, óia lá quem trôsse as cenôra. Samantha jogando cenouras na panela. ---------------- um padre chega falando com o mindigo. padre: - que deus te ajude meu filho. mindigo: - o leno já tá bão mano, magina ficá devendo favor pá mais um. padre: - esse seu amigo lhe presta favores através da vontade do pai celestial. o mendigo sai correndo e gritando. mindigo: - leno seu fiadaputa, quanto cê tá ganhando desse macumbêro.

Algumas Desventuras "Quase Sempre" Sexuais de Adão e Adinho

Adão e Adinho são dois garotos de 9 anos superexpostos à informação via internet mas ainda sem a capacidade de discernimento necessária para digeri-las. Adão: Faz-se superior à adinho fingindo saber mais do que sabe. Adinho: Enxerga em Adão um tutor para assuntos gerais, principalmente sexo. Ambos têm cara de criança. Adão tem bigodinho ralo. Vestem conjuntos de moleton (jogging, pique anos 80 da Adidas). Adão veste azul, adinho veste vermelho. Estão sempre com ereção (volumezinho nas calças). Os dois vivem sentados numa escadaria de uma casa amarela, daquelas que dão direto na calçada. A casa é número 69. -------------- Adinho: - Adão, o que é ereção? Adão: - Errr... Você não sabe ??? Adinho: - Não, me conta? Adão: - É uma coisa boa que a gente tem quando vê as meninas. Adinho: - Mas se a gente não gosta das meninas, por que a gente tem ereção? Adão: - É que faz a gente lembrar que é homem. Adinho: - Vacas. Diz Adinho com a mão no pinto insinuando-se para algumas meninas que passam na rua. -------------- Adinho: - Adão? Adão: - Fala muleque! Adinho: - Eu ouvi papai dizer pra mamãe que agora ele pode ter ereção a hora que ele quiser. Nesse momento uma luz tipo iluminação celeste cai sobre Adão e na rua, em segundo plano, está parado um caminhão dos laboratórios "Faizer". Adão: - Eu sei né seu burro. Seu pai tem "o controle". Ele toma "Vinagra". Volta tudo ao normal. Adinho: - Que isso Adão? Adão: - É pra ele num ter que ficar olhando as meninas pra lembrar que é homem. Adinho: - Nossa. Por que será que meu pai fica olhando sua mãe no varal. -------------- Adinho: - Adão. Peguei um Vinagra do meu pai. Vamo tomá? Adinho com um Vinagra na mão. Adão: - Dá aí que eu manjo. Os dois tomam. Um relógio no fundo acusa o passar de 5 horas e os dois rolam de dor com as mãos nos pintos. Adão(gritando): - Agora sim nós somos homens. Adinho: - É, e por 12 horas. Tá na bula. ------------- Adinho: - O que que é Gay? Adão: - Gay é um cara que tem ereção quando vê outro homem. Adinho: - Mas daí ele num lembra que é homem? Adão: - Não. Ele lembra que quer ser mulher. Adinho: - Então o Padre Genolli já pode virar freira de tanta ereção que ele tem com os coroinhas. ------------- Adinho chega comendo paçoca: Adão: - Que isso muleke. Onde c arrumou paçoca? Adinho: - Ganhei na Igreja. Adão: - Tá tendo quermece? De boca cheia adinho responde: Adinho: - Não. ereção. -------------- Adinho: - Adão. Seu pai é Gay? Adão: - Claro que não seu fdp. Adinho: - É que eu vi ele ficando de pau duro quando tava me olhando hoje cedo. Adão: - É que ele viu você e pensou: "Esse bichinha do Adinho..." daí ficou de pau duro pra lembrar que ele é homem. Adinho: - Orra, ele é macho mesmo viu. Num ficou de pau mole nem quando começou a esfregar em mim. ------------- Adinho: - Adão. Mina tem pau? Adão: - Claro que não muleke burro. Adinho: - Então elas num podem tomar Vinagra né? Adão: - Sei lá meo. Num sô mina. Por que c qué sabê? Adinho: - É que eu vi seu pai lá na praça com uma mina. Adão: - E aí. Tava de pau duro? - pergunta com cara de orgulho. Adinho: - Tavam. ------------ Adão chega na zona, toda cheia de fachadas coloridas e mulheres seminuas anunciando seus preços. Esolhe a que mais lhe agrada e vai até ela. Adão: - Oi Gatinha, tô afim de sacanagem. Tia: - É lindinho, quanto você tem aí? Adão: - Cincão, tem jeito? Tia: - Claro, entra aqui comigo. Entram num quarto super sujo e meio escuro, a profissional tira toda a roupa e ordena ao cliente. Tia: - Tira a roupa toda, menos a cueca, e feche os olhos. Super excitado, adão segue o ordenado e fica lá, de cueca. A profissional vai até atrás do garoto e puxa sua cueca até prender-lhe na cabeça. Adão, com cara de decepção, lamenta ao fim: Adão: - Sacanagem.

De Acordo Comigo.

A culpa é minha, a dor também. Escolhi mal, pressionado por outro de mim, fazer o que foi mais fácil e deixar para pagar depois. Peço desculpas, mas peço também que não some sua culpa ao meu erro. Eu carrego minha dor e não posso carregar a sua. A exasutão me ajuda a lembrar a importância de ser um sofredor indenpendente, sem sócios nem filiais no penar. Choro agora, as lágrimas acumuladas pelo caminho, exageradas diante do que perece pequeno, mas que desenrola uma corrente sem misericórdia, que me afoga.Assumo que falhei na hora do gol, mas não consigo levar a culpa da derrota sozinho. Eu gostaria, mas não sou capaz. Afinal, eu não entreguei o jogo. Sou casca frágil, recheada de mistérios que prefiro esconder a ter que mostrá-los à quem não me importa.Mais fácil é planar com o vento do que enfrentar o erro de fingir calado que não ligo. Quero ser seu amigo, posso te entender, mas se eu mesmo não me entendo e não posso esperar compreensão de você. Perdi-me há algum tempo atrás, não sei quanto, só sei que vivo agora em busca de quem sou. Fique no barco se estiver disposto a me ajudar, até se for com pancadas para me acordar. Senão escolha a liberdade de viver sem me encontrar e deixe para trás, em minha vida, o seu passar.

Personagens D´eus

Se nunca foi visto antes, pelo menos por nenhuma plateia que não fosse o próprio, fica difícil sair sem atuar. A dúvida de qual dos eus são teus tornam-lhe todos eles, mas ao mesmo tempo, nenhum deles. Tu és interrogação sem pergunta. Para onde vais correr quando vier o fim se não sabes nem se acredita que termine? Termina, mas começa novamente, sempre. Esse palco não tem marcação de tempo, nem de posição, espontâneo é só improviso e o texto é o teu viver. Se vives, se escreve, sem viver, és papel em branco e vácuo. Se te deixas escreverem é por vontade tua, se não deixas fica vago, sem sentido para fora. Assitio seu triste fim e choro, sem pensar que pode ser pelo mesmo caminho que eu termine, assim.

Dignidade

As falhas cometidas nunca se dão no instante em que ocorrem. Todas, inevitavelmente, levam-te a repensar seu modo de agir diante dos outros. Os problemas aos quais se soluciona por dentro, sem transparecer no comportamento, desgastam seu caráter e contaminam suas atitudes. Sempre, só se enxerga os erros quando pára de funcionar todo sistema paralelo que foi criado na tentativa de manter a acomodação estática, aconchegante. Quando coalha o doce, vem o tempo de trocar o caldo. Esse tempo chega sempre no auge da fuga. Nas vezes em que parece ter funcionado seu esforço de encobrir as malditas falhas. Insegurança, que gera medo, que gera hipocrisia, que cria situações insustentáveis, que dão em problemas homéricos. Problemas maiores dos que deixaram de ser resolvidos ao se fazer as malas. É assim que eu me sinto hoje. Consumido pela fome que eu provoquei alimentando o faminto errado só pelo fato de ele não recusar o mais puro prato feito. Difícil é agora que os dois, ainda famintos, se uniram contra a simplicidade do cardápio e em favor da distribuição justa. Ficou impossível levar mais um passo que não seja matar os dois de fome. Quem come, na vardade, é um terceiro. Que vive em mim escondido, cheio de falhas que eu desconheço, e pior, cheio de falhas que eu finjo desconhcer.A sangria é dolorosa, mas acalma a dor latente que não finda. Dói mais em mim do que nos outros, mas alivia o peso de terem que carregar-me ferido, acomodado. Não peço perdão por que errei nem espero ser socorrido de uma treva que eu criei, mas insito na compreensão desse erro do qual eu acredito que todos fazem parte. Desdigo, por enquanto, o que eu já disse em outras prosas sobre sinceridade. O caminho é mais longo do que parece e eu estou disposto a percorrê-lo até o fim, sem mais atalhos. Esses são sempre espirais de inverdade que te trazem de volta para trás sem trazer nada de mais, gastam sua alma e atrasam seu tempo.

Sobre o Mundo

Este é um texto profundo sobre as coisas que eu gosto no mundoPrimeiro que ele é redondo, não foi feito para coisas quadradas, e mesmo assim tem espaço para elas no meio. Eu disse ele, mas pode ser ela, ou isso, o que interessa pra mim é que é, mundo, planeta, sei lá, o que vier. Estou por aqui de passagem e já vim sabendo sobre as coisas que todo mundo gosta daqui. O que eu gosto de verdade são as coisas que me surpreendem, cheiro de chuva é otimo, mas o gosto é bem melhor. Céu estrelado é lindo, mas visto do mar é maior, mais brilhante, eu diria cintilante. Coisas que dizem de Deus, mas que não importa pra mim, quero comê-las, vivê-las e senti-las e deixo para depois saber de onde vieram, mesmo assim não faço nada que eu não faria, que me mataria.As águas, doces e salgadas, os sons coloridos e cheiros saborosos, os dias de maio à abril, o céu fechado, nublado, ensolarado, virado, cerrado. Findam os dias de uns e outros chegam de luz, mas sempre há os que não deixam de surpreender-se.

Aquele que se faz de fazer.

Deixe o cara lá em paz, andar pra frente é o que ele faz se te incomoda aperte o passo, perca de vez esse sorriso besta que só mostra aí de cima, deixe os outros verem sua cara de derrota, que já não é tão remota. Passa de uma vez para alguém sua graça de tentar e comece a fazer para mudar, suicídio não é opção para alguém como você, que sem coração só deseja assistir meu padecer, se um dia eu morrer, de quem você vai rir? Em quem vai jogar seus restos de concreto e pedra que não param de desmoronar do seu império egoísta do vencer? Torres de vigília cegas de hipocrisia que só fazem ver meu lado ruim. Fica aí, me deixa ir, pra onde eu vou você não cabe, se é que você sabe que existe algo além da mira da sua catapulta. Seu fraco, maniupula sua vitória para ganhar de você mesmo, afinal, todos preferem perder a competir na sua baia. Caia, ou vou aí te derrubar. É o fim agora, suspira e cospe para fora o choro, que eu já vou indo, embora quisese ficar para ver você sofrer.

Ócio da Paz

Quando as pessoas se cansam de viver na realidade, costumam ficar loucas ou viram grandes escritores de ficção. Todos se divertem muito, seja com os loucos ou com os livros, mas ninguém nunca percebe o quanto de fundamento existe nas histórias deles. Super-heróis sim, existem, e trabalham para sempre para um mesmo país, os EUA. Isso acontece por uma razão simples de se entender. Primeiro você deve assistir alguns títulos sobre os homens de super-poderes para entender como funciona a vida deles. Dê preferência as que inciam as séries, pois o que é importante se encontra em como eles se tornam heróis e, em seqüência, sobre como sempre triunfam sobre seus inimigos. Foi assim que eu comecei a perceber. Homem-Aranha, Capitão América (esse é clássico), Super-Homem, Mulher Maravilha (maravilha de mulher), todos. Independente de qual tenha sido o motivo, se tornaram exímios lutadores contra o mal, e vitoriosos mantenedores da paz. Porém, a paz nunca é mantida. Esse é o ponto no qual as coisas ficam claras. Imagine se algum inimigo americano vencesse o império do Norte e difundisse uma proposta de mundo diferente, com paz de verdade. Não haveriam mais guerras para se lutar e os heróis já não seriam necessários. As guerras, especialidade dos Norte Americanos Anglo Saxões que mesmo antes de migrarem em fuga para "sua" terra nova de liberdade já faziam batalhar, são tudo o que mantém vivos os poderosos super-homens. Enfim, desejo vida longa aos imortais, mas muito menos trabalho para eles.

1.10.06

Matar é Fuga

Foi vista na sala de estar, pelos que a fizeram chorar, na data do seu findar, com muito esperança no olhar. Não foi suicídio. Olhos que brilham como brilhavam os dela nunca seriam capazes de cerrar por conta. De seu viver foi dado cabo, algo encomendado, premeditado. Quem quer que fosse o agente, não pode ter sido o mandante. Para acabar com tal beleza, só mesmo desconhecendo suas proezas. Com as próprias mãos não, mas com palavras de razão sem razão. Só coração pode apagar tanta luz. Por inveja ou medo de não controlar, um amante qualquer poderia desesperar e sofrer, mas matar. Controle-se para não perder o fio racional que lhe resta, daqui para frente deverá tecer uma manta completa para andar no caminho da vida real. Já não basta bater coração, é preciso cantar a razão.

Fábula do Unicórnio

Um presidente Levy, qualquer, venceu e estabeleceu que se devia respeitar sua vontade: O AeroTrem. Da posse ressurgiu então a lendária figura do Unicórnio. Trazidos ao Brasil pelos primeiros Holandeses voadores durante a corrida pela paineira, além do chifre, eles voam.A volta dos seres surpreendeu quase todos, menos o progenitor do Pequeno Biggs, garoto encantador que embalou a infância dos agora eleitores de Levy.O Biggs pai, também lendário, não veio da Holanda, mas do reino dos muitos reinos e, como por lá foi conhecido, continuava o mesmo ganacioso incorrigível. Um fanfarrão materialista, como somos todos por essência. Disso não nasceriam frutos diferentes. Leu-se logo nos jornais: "Preso, desta vez no Brasil, o mito Ronald Biggs, apanhado em flagrante roubando o Aerotrem pagador, montado em um unicórnio e armado de realidade". Para eleitor sonhador nossa campanha é uma fábula. Vote Levy do AeroTrem, ao menos será possível deslumbrar-se com o fantástico vôo dos eqüínos esquecidos e seus chifres em espiral.