Lê-lo-ei

Desde rebento já fazia escrever. E sempre sem desviar-se do objetivo. Às vezes com um gesto ou com um som, chamava a atenção, persuadia e alcança a meta, com plano traçado. Um choro, dos bem chorados, acordava os interessados e sempre os fazia entender, qualquer que fosse o querer. Hoje, em degrais Maslownianos mais altos, já não chora mais. Hoje faz rir e chorar. Quem escreve mais, chora menos. (é tudo ficção).

11.7.06

Já tentou olhar você como se fosse outra pessoa?

Eu já, e daí?
Daqui de dentro eu vejo mais longe
Muito mais longe do que eu via aí de dentro
Já tentei enxegar assim outras vezes
Mas daí de dentro foi impossível
Daqui de dentro eu vejo o que eu nunca quis ver
Os caiminhos que eu nunca segui
As pessoas que eu nunca encontrei
Daí de dentro não
Daqui de dentro eu entendo os porquês
Por que sim e por que não e daí?
Vejo os erros e os acertos e as desulpas
Daí de dentro não
Daqui eu estou fora daí
Daí eu só estou dentro, fechado
Daqui é bom, mas não é daí
Daí sou eu, daqui eu não
Volto praí pra lembrar o que eu vi daqui
E saber o que eu não fiz daí
Aqui é fora, mas não demora eu tô devolta
Aí vou eu.

10.7.06

Ode à Noite (antigo)

A escuridão da noite
Ilumina meus destempêros
Acende meus devaneios
Desperta um outro eu em mim
A noite eu me liberto
Me deixo levar pelo mais tolo dos versos
Me livro dos meus problemas
Com um estalar de dedos
A noite eu me livro
Das amarras em meu coração
Dico mais abertos
Às notas de um samba-canção
Eu canto e choro
Sempre me enamoro
Pelos sonhos criados
Com meus os olhos cerrados
E por isso eu corro
Pra fugir da luz
E dentro de mim eu escondo
Um ser que só me seduz

Da Lua (antigo)

Desculpe te esconder meu lado escuro
É onde guardo segredos que eu mesmo desconheço
Mas quando eu me libertar da escuridão do seu redor
Uma vez ao menos, procurar em vênus eu irei
A luz que me falta
Se num acaso eu te escondi a luz da sua estrela
Não há motivos para me castigar
Pois estou sempre noite e dia no seu céu
A carregar o peso àrduo do seu mar
Um movimento inevitável de outros astros
Me afastam todo tempo de você
E mesmo que eu não queira terei tempo de esquecer
Seu tom de azul, seu norte a sul
Quando me vir no céu brilhando
Mesmo que seja a luz de outro
Se lembre desses milhões de anos
Que para mim são infinitos
Mais, não estão nos meus planos
Eu não tenho a luz do sol pra te fazer luzir
Mas me esforço em refleti-la
À espera de um dia
O perdão de ti ouvir

Sobre Auto-conhecimento (antigo)

Ainda me incomoda um pouco
Mas não como há pouco
Quando me dóia tanto o seu desprezo
e eu me ensurdecia em desespero
Hoje eu agradeçoa sua falta de apreço
Foi sua presença distanteque me fez entender
O quanto amar alguém mais que a mim mesmo só me faz sofrer
Valeu meu esforço
Fui além do osso
Pra me ver no espelho
E enxergar alguém
Eu

Enfim TEXTOS

Enfim eu publiquei alguns textos... Até eu ter tempo para fazer um site vai ser no blog mesmo...

Ode aos Heróis (nem tão Ode, nem tão heróis).

Aos suicidas e às crianças sem herói. Impotente diante da inércia, a lágrima brota do seu esforço máximo e expurga os demônios inquilinos de sua alma. Mas, comprometido e cansado de lutar uma guerra sem inimigos que não sejam seus próprios medos e angústias, declara a vida culpada e a sentencia à morte. Mais uma vez a inércia impede a atitude e o que lhe resta é conformar-se. Conforme-se e terá o chão sobre sua cabeça e mais impotência, aquela da qual tanto tentas fugir. Viver é mesmo um ato inerte, a capacidade de contemplação é a faculdade que nos difere entre os felizes e sofredores. Viver não é lutar, quem luta já perdeu o poder de viver. Viver é viver. Hoje é agora, ontem já passou e amanhã ainda virá. Mudar o mundo é pra depois, chorar as perdas é já se foi. Para agora é viver.

Eu só Você

Eu só você Como é que eu posso cuidar de mim se eu só você? Como é que eu posso chorar, brincar, ser ou fazer se logo ao acordar eu já você? Você pra mim é verbo e eu não nego o desprazer de quando eu não você. Mas se eu deixar meu coração trilhar caminhos que me levem a você, o que é que eu vou ser? Amar, jogar, perder, ganhar, sonhar, correr, pensar você. Calar, sentir, descer, subir, cair, você, você. E você nunca eu, nem mesmo a mim, nem quando está a fim. Você nunca meu, sempre seu e isso é tão ruim. Que tudo se desfaça e que eu consiga chegar ao fim, você ou não. Só peço a você que se lembre dos dias que eu você. Que dê valor ao eu que a mão sempre lhe estendeu. Que faça figas na torcida pra que eu pare de você e vá viver outras, sem deixar feridas pra eu cuidar em mim. Eu só você, mas isso não pode ser. Eu só você, mas isso eu não vou querer. Eu quero um pouco de mim pra eu poder viver.

Fingido

Ele vai...
Festejando a solidão
Mascarado em coração
vai gritando sua tristeza
na espera de um alguém
que enxergue que o desdém
é o mal que lhe faz bem
Ele finge não sentir
o gosto que o choro tem
ele finge não ligar
pro que dizem dele além
ele finge o tempo todo
mesmo sem saber pra quem Fingido, sabe que é em vão...

Em Vão

Já não é tão sutil, cada vez mais fugaz, sem ao menos sentir já se vai. E eu desisto, ando a pé, até voltar e ver recomeçar. Já tentei correr mas parece ser lutar sem ter o que ganhar. Já tentei remar mas parece ser lutar sem ter o que ganhar. Só faço encurtar o tempo de me reencontrar denovo. Tento não olhar sabendo que o que está lá é o que eu já fiz pisar. Já passei ali quando pequeno, sozinho, em vezes não. Posso lhe dizer qualquer detalhe, mesmo assim de sopetão. Então não conheço outro alguém de mim e vivo assim, em vão!

Sobre um Lopes

Ele nunca tinha sentido tamanho desconforto com o acender de uma luz. A claridade ofuscou-lhe os pensamentos e a angústia tomou conta de suas atitudes de tal forma, que a única coisa que lhe pareceu sensata foi correr para o canto mais escuro ao qual seus olhos, fechados, puderam guiar-lhe. Cansado, bem mais calmo e protegido pelo úmido breu de uma sombra, suas idéias estavam inundadas de tantas dúvidas, que ainda foram necessários uns longos minutos antes que ele retomasse a coragem de abrir seus olhos. Abriu-os e deparou-se com uma visão, no mínimo, assustadora. Seu nome era Lopes, desde sempre Lopes. As pessoas quase nunca lembravam seu nome, muito menos seus feitos. Sua simplicidade incomodava os mais calmos monges. O homem era simplesmente simples. Seus filhos, já crescidos, abandonaram qualquer esperança de apresentá-lo aos amigos na escola ou em qualquer outro lugar, já que não teriam nada para contar. Nem de quando ele quase errou o caminho de casa na volta da escola. Quase. E assim, cheia de quases, era a vida de Lopes. O que ele não contava era que um dia as coisas não sairiam planejadas conforme o que ele esperava, sem planejar. Enquanto Lopes recompunha sua calma, mas antes ainda de abrir os olhos, pode relembrar momentos dos quais se apavorava só de pensar. Até daquele lugar cativo do ônibus escolar que um dia estava ocupado, causando-lhe desespero. Quando as coisas saiam de seu controle ele costumava suar nas mãos e no nariz, ansioso, chegava a sentir dores diante do acaso. Já foi a médicos, de clínicos gerais a especialistas, de novalgina à chá de santo daime, mas tudo com hora marcada. Para começar e terminar. Casou-se, teve filhos, funcionário público, gostava de café e fumava muito. Fumava Charme, não tinha coragem de mudar. Dizia que era o Charme dele. Também, que dera ele ter tido um charme que não fosse o cigarro. Chato. Previsível. A luz que se acendeu, ascendeu diante de seus olhos e mostrou-lhe seu mundo. Lopes, tirado de seu sono foi surpreendido, como nunca em toda a sua vida. Estava em seu próprio velório. Que ... Alegria?!?!?!? - Morri! Concluiu. Ao ver em seu velório, a alegria dos entes queridos e de seus poucos amigos entendeu: Finalmente alguma coisa da qual podia se orgulhar, morreu, fulminantemente, sem prever. Claro que a pensão que deixou aos filhos também era motivo de orgulho, mas esta não surpreendeu ninguém.

Sobre um José

O vento frio e úmido corroia as partes sucateadas e despedaçadas da velha maria-fumaça, que era assim, carinhosamente chamada por seu fiéis passageiros. Passageiros que em maioria não estavam de passagem. Apesar das condições gerais da máquina, era fácil entender o porquê da permanência inerte. Os mais cômodos dos vagões estavam sempre lotados. Cômodo, aconchegante. José, o miterioso, era um destes personagens imóveis, cujos olhos e apenas os olhos acompanhavam os vultos a passar lá fora. Calado e bem vestido, José demonstrava inquietação em seu semblante pálido e engrossado pela dúvida. Passavam estações e os vagões pareciam encher-se cada vez mais de indivíduos como José, duvidosos porém bem-vindos, acomodados. Passa mais uma estação, o trêm pára, e como das outras vezes josé observa imóvel o movimento de transeuntes a lutar por um espaço nos vagões viajantes. Mas dessa vez, ao apitar do primeiro sinal de partida, José vê algo que o deixa perplexo, atônito. Um homem qualquer, um que poderia inclusive ser ele próprio, salta na estação. A partir daí o movimento se torna cada vez mais freqüente. Homens, mulheres e crianças. Salta gente inclusive com o trêm em movimento, até longe de estações. Os saltos tornaram-se tão repetitivos que José já voltara à sua usual inércia. Inércia essa que não teria sido mais abalada não fosse o embarque de uma figura que José reconhecera. Era um homem, o qual José notara pular tempos atrás. Houve então algo inusitado: José falou! E falou alto. - Que faz em nosso trêm, aventureiro? Pulaste e voltaste? - Pulei, vivi, voltei de carona, logo pularei novamente. E José, pensativo, volta ao seu lugar de sempre. Mais algum tempo antes do homem se prepara para seu próximo salto, mas antes que o fizeste, vira para trás e diz: - Pula José, corra para a vida, caia, suje-se, saia. Só não deixe a máquina te levar para o ponto final sem conhecer a linha. E pulou, e morreu.

Sobre a Felicidade

Ser feliz é uma questão de verbo. Basta trocarmos o verbo “ser” por “estar” e pronto. Viver cada momento feliz torna a vida uma operação matemática: N(dias felizes) X n(dias de vida) = Homem feliz. Outrora, tudo seria muito fácil se a felicidade fosse vendida numa farmácia em forma de pílulas em dose única, feito uma vacina com seus medos e tristezas enfraquecidos gerando imunidade eterna. Mas a natureza do ser humano impediria a felicidade trazendo à paz conquistada um status de rotina e fazendo o indivíduo passar à busca da tristeza, ou ao menos de momentos tristes. - Doutor, eu sou infeliz. - O que você precisa para ser feliz? - Bem, para ser feliz eu preciso ficar rico e forte, para conquistar as mulheres. - Ah – com ar de sagaz - o diagnóstico é simples: O senhor é fraco, pobre e não faz sucesso com as mulheres. - Isso eu já sei, não precisa judiar, é por isso que eu sou infeliz. - Ué, por que o senhor veio aqui se já sabe qual é o problema? - Vim procurar a solução. - Então eu lhe receito: Ficar rico e forte até encontrar as mulheres que deseja sob seus pés. - Você senhor diz isso por que não passa o que eu passo. Tem dinheiro e um corpo invejável, feliz da vida ganhando o meu dinheiro e ainda tem coragem de me aprontar essa. Uma receita de piada, suponho. - Sou médico, não humorista, e não me considero feliz com esse corpo e finanças razoáveis. Perdi mais uma reunião de pais essa semana e vi meu filho me dizer que não precisa do dinheiro que eu luto para ganhar. - Mas você é bem folgado mesmo hein, já pode largar seu emprego pois o que tem já garante viver feliz com seu filho. Só é infeliz por que quer. Eu já sei o que eu preciso fazer para ser feliz, esse é o motivo pelo qual sou infeliz. Sistematicamente infeliz. Por isso estou escrevendo sobre felicidade, prefiro vê-la à distância, pois seria um abismo finalmente encontrá-la e não saber o que fazer com ela. Duraria o tempo de pensar: E agora? Já imaginou como eu seria infeliz? - Putz grilou, to felizão, consegui pegar aquela fulaninha de quem eu te contei semana passada. - E aí, ela é boa? - Se é, curti pacas. - Maravilha, queria ser igual à você e pegar todas. Estou cansado de namorar, é muito chato. - Pois eu queria uma namorada, que me dissesse todos os dias que gosta de mim. - Esquece rapazão, é um saco essa rotina, escute a voz da experiência. - Eu que o diga. Nem todos os diálogos ao longo das histórias têm um moral. Nem todos devem ser entendidos, mas todos devem ser aproveitados. Reconheça-se neles e ria, ou simplesmente não os entenda, já basta - Essa boate é demais hein. Eu adoro aqui. Principalmente essas mesas do jardim, dá pra conversar e conhecer gente nova. - Aposto que eu gosto daqui muito mais que você. - Dúvido. Prove! - Venho aqui toda semana. - Pois eu só venho quando tenho vontade. - Yes, ganhei. Corra para dizer aos seus amigos que você está lendo esse livro, mas não conte nada sobre o conteúdo. Pode parecer que você quer impressioná-los. Porém, se é essa a intenção, faça um resumo geral e comente inclusive os prêmios literários aos quais esse autor que vos fala pode ganhar. Se quiser, pode até dizer que logo viram outros ensaios, dessa vez sobre tristeza. - Meu pai me deu um carro de aniversário amiga. - É mesmo? Muito legal. E por que nós estamos de carona? - Por que eu ainda não tenho carteira. Mas o carro é lindo. - Parabéns. Eu também quero muito ter um. - De que modelo? - Qualquer um, eu nem cheguei a conhecer o meu. Observações sobre meu comportamento me levaram a concluir que a Lua exercer uma força realmente palpável sobre a felicidade humana. A luz do dia nos torna racionais e nos leva a perceber que a noite que passou não foi tão boa, já que não acordamos num mundo sem problemas. Sugiro que durmamos durante o dia e vivamos a noite. - Amanhã eu vou dizer ao meu chefe que basta, estou indo para uma empresa que me mereça, que reconheça meu talento. - Amanhã eu vou procurar um emprego. ... - E aí? Por que você não saiu do emprego? - Não tive coragem, comecei a pensar que poderia não encontrar outro emprego e desisti. Eu acho que é hora de me empenhar mais lá mesmo na empresa. - Ah. - Como você sabe que eu não saí do meu emprego. - É que eu fui levar meu currículo para seu chefe e ele disse que ainda não teve coragem de demitir você. Eu penso muito, sobre tudo, tenho idéias o tempo todo. Às vezes até fico sem dormir para aprimorar algumas idéias em minha mente. Só que o problema é colocá-las em prática. Eu sei exatamente o que fazer, mas na hora perco a coragem e invento um desculpa, para eu mesmo. Assim eu tenho tempo para pensar em novas idéias (viu só, mais uma desculpa). - Irritado já de manhã meu? Assim não dá né. - Eu não estou irritado, só estou pensando em como vou dizer para aquela do 5º andar que estou afim dela. - Pô cara. Aquela tá na minha né. - Velho, eu te amo – e sai feliz pelo saguão do 4º andar. Cacareco. Hoje eu quero pegar um filme, mas tem que ser um bom. Todo mundo tá falando que um tal de Diretor Novo arrebentou no lançamento. É, vai ser esse. Vamos ver se dessa vez eu não fico horas para escolher. Mesmo já sabendo o que eu vou levar. - Alô. - Oi, fala. - Vamos sair? - Ah, você que sabe. - Bom, então vamos. Que horas? - Sei lá. - Tô passando aí. - Tá. Mas onde a gente vai? No mesmo lugar de sempre não, né? - Não? Então diga outro lugar! - Sei lá viu. Huummm. - Bom, tô passando aí. - Tá, daí a gente decide no caminho. ... - Até que aqui é um lugar legal né? Mesmo a gente vindo sempre. Está na hora de dar rumo à você leitor. Pule um diálogo, ou continue lendo conforme o padrão que lhe foi ensinado. - Vou de tênis. - Mas não se deve usar tênis nessas ocasiões. - Eu não quero nem saber. Vou de tênis e pronto. Eu faço o que eu quero, gosto de ser diferente. Odeio padrões. - Bom, eu não gostaria de passar vergonha em minha própria cerimônia de casamento. Eu não me permito chegar à conclusão de que ninguém é feliz. Se meu cabelo cai, felizes são os cabeludos. - O meu objetivo profissional é chegar até onde você chegou Doutor. O senhor faz tudo o que eu gostaria de fazer. - Então vá preparar a defesa do cliente enquanto eu te encho de elogios. Em breve, mais conclusões sobre a felicidade.